terça-feira, novembro 13, 2012

Estimada Autoestima Alta

Estimada Autoestima Alta, gostaria de lhe convidar a passar esse resto de vida ao meu lado, uma vez que com você eu sinto que posso tudo, e que ninguém tem o direito de dizer o contrário. E se por acaso disserem, deixa que digam, que pensem, que falem...

Vai falar que não é verdade? Quando nossa autoestima está "bombando", pouco importa o que os outros pensam, dizem, fazem...pois a síndrome do "sou mais eu" está em toda parte...no trabalho, no amor, na saúde, no que der na telha. Acordamos felizes, dormimos tranquilos, encaramos as dificuldades com leveza, somos mais amorosos com todos a nossa volta, damos mais valor nas pequenas coisas...mas por que mesmo não conseguimos ser assim sempre?

Acho que até a Gisele Bundchen deve ter seu "bad hair day", que ela acorda e não se sente lá aquelas coisas...claro que facilita o fato do mundo inteiro achar que ela é sim lá essas coisas, mas muitas vezes nosso interior fica cego, surdo, mudo e principalmente teimoso. Quantas vezes você não saiu e viu um cara gato olhando e pensou "não é pra mim que ele ta olhando", mais fácil pensar assim do que ter que encarar esta dúvida e a possibilidade do não.

Se não conseguimos convencer nem a nós mesmas que temos alguma coisa boa, como convencer outras pessoas? Temos TPM, stress do dia a dia que acaba com nossa pele, a ansiedade transformada em comer como se não houvesse amanhã, unhas roídas, algumas preocupações que não nos fazem querer sair da cama, arrumar cabelo, se tornar desejada. E isso se torna uma bola de neve, pois os problemas nos transformam em uma pessoa que não gostamos, e aí olhamos no espelho e ficamos mais deprimidas, e então achamos que não merecemos nada de bom, e continuamos a nos afundar, e assim vai. Um negativismo em looping. Quem nunca?

Aí olhamos a vida alheia e a grama está mais verde, e achamos que por isso a pessoa está melhor que a gente. Será que não é o contrário? Por esta pessoa estar bem com ela mesma, ela acabou atraindo coisas boas? E já considerou que esta grama pode nem ser tão verde, talvez seja da mesma coloração que a sua, mas ela simplesmente a considera radiante e você acredita? É relativo. Posso garantir que tanto o trabalho quanto o amor e a família dessa pessoa tem dia que enche o saco, que traz problemas, que dá vontade de sair correndo. Não existe vida perfeita, existem níveis de tolerância a dificuldades, e a forma de responder a elas.

Dia desses o sábio e sensato psiquiatra Flávio Gikovate falava sobre autoestima no twitter...e foi bem um dia que eu estava cabisbaixa, em uma manhã tristonha após um sonho ruim, e resolvi escrever para ele que naquele dia minha autoestima estava no pé, ele na hora me surpreendeu com uma "Direct Message", a famosa DM que é a mensagem particular do twitter, dizendo "Então hoje é melhor não escolher nenhum parceiro sentimental.". Caiu como uma luva! Primeiro porque ele não tentou me animar com frases motivacionais dizendo que eu sairia dessa, mas de forma realista assumiu que tem dias que realmente não nos sentimos bem...e segundo, se eu não estou bem comigo, estarei com outra pessoa? Algo tão simples me rendeu uma boa reflexão: definitivamente a vida tem altos e baixos, para todo mundo, e no mínimo precisamos de um parceiro, como o próprio nome diz, disposto a esta parceria nos bons e maus momentos, alguém que nessas horas nos ajude a elevar de volta a autoestima...e que não sirva apenas para nos escorarmos nele.

Ah se eu soubesse a fórmula para manter por perto essa estimada autoestima alta...eu estaria bilionária. Mas não sei, e tem dia que a procuro em todo lugar e não a encontro. Mas não desisto. Ela sempre está por aqui, em algum lugar próximo (ou seria dentro?), peço pra São Longuinho que uma hora ela aparece. E a trato muito bem para que não me abandone por muito tempo...


terça-feira, outubro 02, 2012

50 tons de medo!

A própria palavra medo já nos dá medo. Mas é fato, o ser humano é feito de medos. De diferentes tipos de medos. Inclusive o medo de admitir que tem medo. Sou dessas.

Quem me olha me acha forte, corajosa, independente, destemida. Mentira. Sou medrosa. Muito medrosa. Em muitas coisas sou conservadora...por medo de arriscar. Tenho medo de perder, medo de ganhar, medo de empatar e ficar na mesma. E por tudo isso, tenho medo de jogar. Mas jogo. Me jogo. No trabalho, nas relações, nos amores, na vida. Mas no meu travesseiro, calada, morro de medo.

Se eu disser que toda vez que entro em um avião eu não sinto medo, estaria mentindo. Adoro andar de avião e faço isso bastante, principalmente por causa do trabalho...mas sinto frio na barriga toda vez. Agora medo mesmo, no pior sentido da fobia eu sinto por transportes aquáticos. Sinto pavor. Mas vou. Enfrento. Poucas pessoas me viram neste momento, e posso dizer que todas ficaram assustadas. Me transformo, viro outra pessoa. Sou um ser transparente que não tem medo de assumir que sente medo, é nítido no meu olhar, na rigidez do meu corpo, nas mãos geladas e no silêncio. Esse meu medo se solta e se expressa livremente, ao contrário dos meus outros medos.

Recentemente, como a maioria das mulheres, eu me rendi à trilogia dos "50 tons"...viciei, choquei, apaixonei, sonhei diversas noites com Christian Grey, e assim como Anastasia Steele, senti 50 tons de medo. O medo de me envolver com alguém louco, e ao mesmo tempo o medo de perder alguém que muitas vezes me parece perfeito. O medo de encontrar alguém que tenha medo de se doar ao amor, ou ainda que outro alguém descubra que na verdade sou eu que tenho medo de me entregar a este bicho. O medo da dor, e até da falta dela. Medo da decepção. Pavor daquele olhar mortal de quem ama decepcionado com você.

E que atire a primeira pedra quem não tem medo de estar seguindo uma trilha errada no caminho da vida. Me questiono todo dia se meu GPS interno está me levando ao destino que almejo. E o medo de recalcular a rota, ou pior, de perder a comunicação com o satélite e seguir pra sempre extraviada. Qual é o caminho certo? Medo de nunca ter essa resposta. Peço à Deus que ilumine este caminho, mas nem só da escuridão eu sinto medo. Tanta maldade vemos acontecer em plena luz do dia. Medo dessas pessoas. Medo de acontecimentos que muitas vezes distorcem valores que julgamos corretos. Medo do destino. Medo de não haver destino. Medo de minhas reações a injustiças que presencio. Medo de mim. Medo de deixar de ser eu.

Medo...ah eu temo admitir, mas sou feita de diversos tipos deles. E quem não é?

quinta-feira, julho 26, 2012

Homenagem ao Dia dos Avós

Uma data que nunca guardo, mas hoje é dia dos avós, e resolvi escrever sobre essas pessoas fofas, que todos nós esperamos nos tornar um dia. Não conseguirei fugir do clichê de que avós são pais duas vezes, e muito menos de que "casa de vó" é um dos lugares mais maravilhosos que existe. Todos nós temos quatro deles, alguns tem a sorte de ter mais que isso, muitos não conhecem os quatro, às vezes nenhum, mas espero que encontrem alguém para lhe dar este carinho, este colo gostoso.

Eu não conheci meu avô paterno, na verdade meu pai pouco o conheceu também, o perdeu aos 13 anos de idade, porém nunca conviveu com ele. Não, ele não abandonou a família, ele sofreu com uma doença muito triste da época, a lepra (ou hanseníase), que as pessoas julgavam infecciosas e o obrigou a se afastar de todas as pessoas que amava. Sempre penso nele, neste sacrifício horroroso ao qual ele foi obrigado a se submeter. Meu pai, o caçula dos 5 filhos, tinha meses de vida, e ele lhe escrevia cartas cheias de carinho e tentando educá-lo a distância, muitas estão guardadas até hoje. Ele tem um pequeno livro impresso que relata parte de sua vida, simples, lindo e emocionante. Acho que puxei pra ele essa mania de desabafar escrevendo. Dos "causos", sempre lembro do trem que ele pegou e as pessoas quiseram lhe expulsar, sendo que as únicas a defendê-lo foram as prostitutas, e ele deixou isso registrado para mostrar que elas, tão desprezadas e julgadas, se mostraram muito mais humanas que qualquer outra pessoa. A seu Sebastião de Paula Braga, minha eterna admiração e um sentimento forte de saudade de quem nunca olhei nos olhos.

Se o avô paterno teve que se ausentar, minha admiração dobrada para a mulher que aguentou tudo sozinha, minha vó Ritinha. Já ouvi diversas vezes que me pareço com ela, branquinha, dócil na aparência, mas extremamente exigente e brava quando mexiam com ela ou com sua "cria". Com o afastamento do meu avô, os familiares quiseram separar seus filhos, alegando que ela não conseguiria cuidar de todos sozinha. Dizem que ela virou uma onça e não aceitou de maneira alguma. Passou a costurar para ganhar a vida, meu pai pequeno lhe ajudava a fazer entregas, os filhos mais velhos começaram a trabalhar. Passaram inúmeras dificuldades financeiras, desejos de ter o que os primos tinham, não tinham sapato para calçar...mas se perguntar para qualquer um deles, todos dirão que ela tomou a decisão certa: a união da família em primeiro lugar. E em termos de educação, ela sempre foi muito rígida, e criou seres humanos exemplares, na minha opinião. Meu pai sempre conta que morria de medo de desobedecê-la, que uma vez estava na fazenda de seus avós e disse que voltaria tal dia, perdeu a hora nadando no rio e lá se foi o último trem. Voltou a pé, em  uma estrada que se dizia mal assombrada, enfrentou "fantasmas" mas não enfrentou dona Rita. Valores passados a nós posteriormente, ou seja, um relacionamento baseado em confiança. Tive o prazer de conhecê-la, por 6 anos apenas, mas lembro do cheiro da sua casa, do sorriso ao me ver chegar (a caçula dos 17 netos), do orgulho que sentia do meu pai. À dona Rita Luz Braga, um sentimento forte de saudade e de vontade de ter convivido e aprendido mais com ela.

Ao espanhol "mala raza" do meu avô materno eu já até fiz um post exclusivo (http://feluzbraga.blogspot.com/2010/07/origem-do-meu-sangue-espanholole.html), a figura merece. Filho de espanhóis, era uma criatura muito agradável, de alegria contagiante, bem cabeça dura também, mas na maioria das vezes tinha razão, seu senso de justiça era implacável. Tinha mais pose de durão do que realmente era, no fundo fazia tudo para suas filhas, netos e esposa. Suas pérolas são constantemente lembradas na família. Dançava como ninguém...ah que delícia ter tido a oportunidade de tê-lo em minha valsa de 15 anos. Pouco tempo depois ele me ensinou a cheirar lança perfume em casa:  "você vai encontrar por aí, e não quero que caia no salão quando for experimentar". Pode parecer um absurdo hoje, mas para ele era algo comum, veio de uma geração que conviveu com isso em bailes de carnaval como se fosse cerveja. Enfim, foi a única droga ilícita que experimentei até hoje...e devo em grande parte a ele, por ter "desmitificado" isso em casa, de forma natural, mostrando que não é nada demais, e que não precisamos disso para ser feliz. Teve a alegria nitidamente e eternamente abalada pela perda de sua filha do meio, por câncer em 1991, e desejou tanto morrer em seu lugar, que Deus o levou repentinamente em 1999. Dia de enorme tristeza, estávamos todos na estrada indo festejar com a família Luz Braga e voltamos às pressas. Ainda não assimilei muito bem esse dia, parecia um pesadelo. Ao seu Irineu Gomes, meus agradecimentos pelas sábias palavras e ensinamentos, e uma saudade sem fim.


Sabe aquela vovozinha fofa, que não vê defeito nos netos e que está sempre pronta para nos proteger? Essa é a dona Tita! Engraçadíssima, sempre adorou passar "trotes" nos amigos das filhas, se pintava de homem mal encarado, vestia máscaras e dava sustos na molecada no quintal. Adorava organizar festinhas de aniversário, imaginar vestidos e fantasias para os bailes, fazer biquinhos de crochê nas toalhas, não perdia uma viagem de carro em família, apesar de nunca ter dirigido. Quanto aos estudos, minha mãe repetia de ano e ela dizia "ano que vem você passa", e assinava nossas provas e bilhetes da escola quando precisava, com uma letrinha linda de menina. A casa dela em Nova Granada era uma delícia, reuníamos os primos nas férias, brigávamos pelas canecas que ela marcava com nossa inicial para não confundirmos, o cheiro de sua esfiha tomava conta da casa, e ela sempre enfiava um dinheirinho escondido nas nossas coisas. Os meninos aprontavam, chegaram até a colocar fogo no vaso de plumas da sala, mas ela sempre os defendia. Talvez por não ter tido filhos homens, os netos eram seus "preferidos", mas no bom sentido, pois nunca faltou amor para as netas, e nem enxoval (sim, tenho o meu guardado, amarelado já...rs). Após a morte do vô ela sofreu muito, não sabia se virar, era ele quem fazia tudo para ela. Foi morar com minha mãe, começou a ter dificuldade de andar, a levamos para um cruzeiro com o suporte de uma cadeira de rodas, ela se divertiu horrores, e eu mais ainda pois dividi a cabine com ela. Hoje, prestes a completar 91 anos, ela sofre com essa lamentável doença chamada Alzheimer. Está em um estágio avançado da doença, padecendo na cama, falando pouco, com quase nada de consciência. Mas de vez em quando ainda pergunta se casei (risos). Semana passada ouvi minha mãe dizer para ela "Mamãe, você não me reconhece, né? Mas o importante é que eu sei quem você é, viu...é minha mãe adorada....". Chorei muito. Triste vê-la nesse estado, mas é sempre bom vê-la, tocá-la, beijá-la. À dona Angelina Fonseca Gomes, todo meu amor e meus parabéns pelo seu dia, e eternos agradecimentos por ter sempre exercido o papel de avó brilhantemente, como manda o figurino.


Beijos a todos os avós...aproveito para parabenizar meus pais, Iraí e Roberto, pelos avós presentes, dedicados e amorosos que são!

sexta-feira, julho 20, 2012

Fase da Conquista?!


No começo tudo é lindo...ele faz questão de te buscar em casa e abrir a porta do carro, alguns surpreendem com flores, levam em bons restaurantes, pagam a conta, te enchem de elogios, não querem desgrudar, ligam toda hora, mandam mensagens fofas...ah, o amor! Nunca fui uma pessoa grudenta, mas demonstrações de carinho (in private, não no facebook) sempre é uma delícia! Pois é, estou nessa fase, totalmente apaixonada em uma fase inicial de relacionamento...apesar de ser um velho amor ainda e sempre.

Não gente, não estou falando de homem, mas sim da cidade onde nasci, a velha e louca cidade da garoa, São Paulo. Depois de passar oito meses na cidade maravilhosa (que realmente é maravilhosa), voltei para São Paulo no início de julho. Continuo com o mesmo trabalho para a minha eterna rainha dos baixinhos, mas não adianta, mundo corporativo flui mesmo é em São Paulo, então vamos fazer o negócio acontecer! E a mudança ocorreu rapidamente, e eu vim "amarradona", como dizem os cariocas, dirigindo meu carro pela Dutra, com direito a parada em Aparecida para agradecer o cara lá de cima...porque nenhum lugar me faz me sentir mais em casa do que São Paulo. E eu tive que rodar por aí para chegar a esta conclusão!

E aí que, como em um bom relacionamento em fase inicial, eu não posso me declarar para ela assim, fácil...então tenho feito jogo duro, entrei em uma dieta pesada para não ser vencida pelos inúmeros restaurantes deliciosos com adegas maravilhosas, mas em contrapartida descobri o Parque do Povo, que é delicioso para caminhar e ver gente bonita (to em um relacionamento aberto com a cidade, ta?). E ela segue na determinação de me conquistar de vez...Cheguei em julho, mês de férias escolares, ou seja, trânsito quase inexistente, clima de frio com sol, cercada de gente que amo e que mora aqui, a uma distância que posso pegar o carro e chegar até minha família no interior. Tem como não amar?

Ok, eu me rendo. São Paulo, nosso destino foi traçado na maternidade! Maternidade Matarazzo para ser mais exata...e o sangue paulistano corre em minhas veias, apesar do sotaque caipira! Dos meus 33 anos, até agora são 13 anos morando aqui, e uma vida inteira nas rodovias Bandeirantes-Washington Luiz. Já somos casados e sem direito a divórcio, você faz parte de mim, e como todo casamento eu te aceito na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no trânsito e na loucura, só espero que a violência um dia nos abandone...acho que é o único ponto que conflitamos! E em tempos de eleições municipais, me questiono porque ainda não transferi meu título para cá...o farei em breve, afinal tenho que ajudar a cuidar do meu amor, não é mesmo?

É pessoal, definitivamente alguma coisa acontece no meu coração...

 

segunda-feira, maio 21, 2012

Xuxa revela...e algumas pessoas também!

Domingo a noite o Brasil parou para assistir a entrevista da Xuxa no Fantástico, falando de assuntos que ela não havia falado antes, e de repente a maior de suas confissões reveladoras, o fato de ter sido abusada quando criança...chorei por meia hora. Curiosamente na noite anterior conversei sobre o assunto, um caso de uma pessoa que morava próximo, de família conhecida, muito bem de vida, aparentemente normal. Uma criança abusada, pais que não acreditavam, caso abafado, uma vida desencontrada por anos, a coragem de se abrir só depois de se mudar para bem longe fisicamente daquela realidade que lhe assombrava.

A entrevista repercutiu horrores, e até agora não consegui dormir pois estou chocada com os comentários machistas que chegam a me dar ânsia. E começo a entender um pouco o sofrimento e medo daqueles que passam por isso, muitas pessoas não acreditam em suas denúncias e buscam justificativas em seu comportamento, julgando-as. Sabe aquele pesadelo que temos, que não conseguimos falar, e dá aquela aflição horrorosa? Imagino que estas crianças passam por isso a todo momento, e com intensidade muito maior. Triste demais.

E o fato de ser a Xuxa polemiza ainda mais. E aí que eu li em facebook e twitter que, pelo fato da Xuxa ter namorado o Pelé, posado nua e ter feito aquele filme de pornochanchada, ela não é "anjinho", "santa", "vítima", entre outros absurdos. Ela causa tanto impacto que teve gente hoje dizendo que com 13 anos as crianças já sabem o que estão fazendo, o que pareceu um apoio a pedofilia, apenas para não ficar "do lado dela". E gente curtindo, apoiando. E o que mais me assusta é que essas pessoas são pais. Só posso concluir com isso o quanto sou privilegiada por estar brincando de Barbie com essa idade, cercada de amor em um lar com diálogo, compreensão e confiança.

Tudo bem se você não gosta da Xuxa...ninguém é obrigado a gostar ou aprovar as atitudes de alguém. Mas para mim ficou claro que a história aqui é a mesma da mulher adulta estuprada que, ao denunciar, ouve como resposta que o fato dela usar uma saia curta deu motivos para o estuprador. Ou ainda saindo do assunto abuso sexual, dizermos pro cara que foi assaltado em uma esquina, que ele não deveria passar ali, pois sempre tem bandido. A referência das pessoas para quem é o criminoso da história está muito distorcida, na minha opinião.

Sim, a TV tem sensacionalismo, briga de audiência e edições...mas eu procuro ver o lado bom das coisas, e pra mim pouco importa o IBOPE do Fantástico na noite de hoje, mas sim o índice de pessoas que se comoveram, que se sentiram menos "erradas" ao ver que a Xuxa é humana e passou pelo mesmo trauma que elas. Os pais que pararam pra pensar, as crianças que resolveram falar, os já adultos que afrouxaram um pouco aquela corda que os sufocava por tantos anos, as consciências tocadas.

Muitos acharam desnecessário, ou algum tipo de jogada. Para mim, foi um ato de coragem indiscutível de quem fala mostrando a cara, sem medo...e provavelmente com o objetivo de ajudar crianças e jovens, algo que ela já faz brilhantemente com sua fundação. O assunto era "Xuxa Revela", mas para mim hoje, infelizmente, teve gente que se revelou muito mais que ela...

quarta-feira, março 28, 2012

Um pouco sobre mim...

No último domingo, o jornal rio-pretense DHOJE publicou uma entrevista comigo, da qual adorei participar e falar sobre questões que julgo interessantes, selecionadas pelo meu amigo e jornalista Daniel Rondano. Como ele mesmo me pediu para "não economizar nas palavras", atendi sua solicitação, e o resultado são estas duas páginas que dizem um pouco sobre mim, e por isso resolvi replicá-las aqui, em texto e fotos. 

Espero que gostem!




A equipe do jornal DHoje traz esta semana um bate-papo com a administradora de empresas, Fernanda Gomes Luz Braga, que atualmente reside no Rio de Janeiro, dirigindo um projeto ao lado da rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel. Fernanda foi criada em Rio Preto e tem sua família radicada na cidade. Ela se formou no Ensino Médio aqui, fez faculdade em Ribeirão Preto e São Paulo e pós-graduação em Comunicação na Harvard Extension, em Cambridge, nos Estados Unidos, uma das melhores universidades
do mundo. Sem rodeios, Fernanda comenta também sobre a vida pessoal, redes sociais e polêmicas que já envolveram seu nome. Ela é tudo de bom para conversar, inteligente e com um papo alto astral. Leia
os principais trechos:


Jornal DHoje - Defina quem é Fernanda Gomes Luz Braga
Fernanda - Paulistana de nascimento, espanhola de sangue, rio-pretense de criação, cidadã do mundo por opção...mas sempre muito ligada à família e amigos pelo coração.


Jornal DHoje - Atualmente o que você faz profissionalmente?
Trabalho em uma holding de franquias como gerente de um projeto que diz respeito a criação de um novo negócio, ainda confidencial, mas que terá a primeira unidade no Rio de Janeiro e futuramente franquias por todo o Brasil.


Jornal DHoje -  Qual a sua formação? Por quais instituições de ensino você já passou? 
Estudei até o terceiro colegial no Anglo em Rio Preto, e com 16 anos passei na USP em Administração. Iniciei a faculdade na USP de Ribeirão Preto, e transferi para a USP de São Paulo no quarto ano por oportunidades de estágio, onde me graduei. Depois fui fazer 1 ano de pós graduação em Comunicação na Harvard Extension, em Cambridge, nos Estados Unidos.


Jornal DHoje - Vejo que você já estudou em uma das melhores faculdades do mundo, Harvard, como foi passar por essa experiência?
Foi incrível, a universidade é um sonho, o ambiente, os estudantes, os professores, tudo parece cena de filme, mas é vida real e tem que estudar pra valer, foi bem interessante.

Jornal DHoje -  De onde veio essa ideia de estudar la ? E por que estudar em Harvard?
Eu sempre tive vontade de estudar um tempo fora, preferi terminar a graduação no Brasil primeiro e tentar uma pós. Eu estava trabalhando em uma das maiores consultorias do mundo, a PricewaterhouseCoopers, quando decidi que era aquela hora ou nunca, se eu não fosse com 24 anos, dificilmente iria mais tarde, porque precisa de energia e determinação para aguentar, não é fácil. Aí busquei os cursos que me interessavam e encontrei este da Harvard que me encantou por ser Comunicação, com foco especial na escrita, o que considero algo primordial para qualquer profissão. Daí fiz todo o processo de provas e envio de documentos sozinha, e fui aprovada.


Jornal DHoje -  Hoje você trabalha ao lado de uma das mulheres mais influentes deste país, Xuxa Meneghel, como esta sendo para você esta experiência?
Eu trabalho em uma empresa que é parceira da empresa da Xuxa para um negócio específico, mais do que ela como celebridade, corporativamente falando o pessoal que trabalha com ela é muito profissional e capaz, então isto motiva ainda mais o meu trabalho e torna esta experiência enriquecedora. Eu sempre trabalhei em “bastidores”, podemos dizer, nas áreas administrativas de empresas, então o mais incrível desta experiência é a exposição e dimensão que meu trabalho pode tomar na mídia, por envolver uma celebridade como a Xuxa, tenho aprendido muito.


Jornal DHoje -  De quem partiu o convite para trabalhar com a rainha dos baixinhos?
Fui contratada pela SMZTO, empresa que trabalho, para gerenciar um projeto de novo negócio, como qualquer outro, e aconteceu de ser o negócio em parceria com ela.


Jornal DHoje -  Pelas redes sociais vimos que você é fã da Xuxa, mais do que a realização de um sonho profissional, você esta realizando um sonho pessoal também?
Sempre fui muito fã! Que criança teve a infância nos anos 80 e não sonhou em estar ao lado da Xuxa? Ela é ícone, ela é mito, ela é um sonho. Na época, minha mãe me levou à gravação do Xou da Xuxa no Rio, em excursão saindo de Rio Preto e foi demais, lembrança guardada com muito carinho. Hoje posso dizer que a emoção de trabalhar em um negócio com o nome dela, estar com ela em uma reunião, poder conversar, ouvir, materializar esta pessoa que admiro tanto é sim um sonho pessoal mais do que realizado. E hoje sou fã da artista, da pessoa e da empresária Xuxa.


Jornal DHoje - Conte-nos um pouco sobre suas experiências profissionais. Em quais empresas você já trabalhou?
Grande parte da minha experiência profissional foi construída em empresas multinacionais, como as consultorias PricewaterhouseCoopers, Convergys e Everis, além da precursora no mercado de telecomunicações, a sueca Ericsson. Também trabalhei enquanto fiz a pós nos EUA, na Câmara de Comércio Brasil-EUA em Boston. Antes de iniciar este projeto atual, eu passei 1 ano e meio por Rio Preto, na Rodobens Negócios Imobiliários.


Jornal DHoje - Você já trabalhou fora do país?
Sim, enquanto fazia a pós fui coordenadora da Câmara de Comércio Brasil-EUA, que estava começando em Boston, e através das consultorias que trabalhei fiz projetos na Argentina, Estados Unidos e Espanha.


Jornal DHoje -  Você já morou em muitos lugares, tanto no Brasil como no exterior. Qual desses lugares você mais gostou? E onde você quer envelhecer e constituir família?
Eu costumo dizer que sou de fácil adaptação, e procuro viver e curtir o momento, então todos os lugares que passei eu gostei muito e tenho algum tipo de carinho, apego. Já sonhei em envelhecer e constituir família em alguma cidade mais tranquila, mas hoje mais do que nunca eu sei que somos responsáveis por construir nosso próprio lar, então sinceramente não tenho uma cidade preferida para esse fim.


Jornal DHoje -  Hoje você é uma mulher realizada profissionalmente?
Me sinto bem com minha trajetória, mas acho que realizada nunca estarei, pois sempre quero mais...mais do que crescer, quero aprender, e fazer mais.


Jornal DHoje - O que você ainda almeja para sua carreira profissional?
Balancear carreira e vida pessoal, mas sem estagnar na rotina, com desafios e aprendizado sempre.


Jornal DHoje -  Você tem algum ídolo na área profissional? Você se inspira em quem?
Não tenho uma única inspiração, era fã de Steve Jobs, claro, acho que os brasileiros Eike Batista, Antonio Ermirio de Moraes, Abilio Diniz são grandes exemplos, mas não idolatro ninguém, acho que é todo mundo humano, passível de erros, e que muitas vezes tiveram que sacrificar vida pessoal pela profissional.


Jornal DHoje -  Falando um pouco sobre vida pessoal. Com uma carreira profissional bem sucedida, você se sente realizada também no lado pessoal?
Me sinto realizada por ter nascido e crescido em uma família unida, carinhosa, ética, espiritualizada, companheira e cercada de pessoas que me passaram valores pra toda a vida. Isso me dá força para tudo que faço. Ainda quero formar a minha própria família e poder transmitir esses valores para mais gerações.


Jornal DHoje -  Dizem que mulheres poderosas e bem sucedidas assustam os homens. Você acha que isso realmente é verdade?
Acho (risos)! A sociedade ainda não está totalmente preparada pra ter a mulher assumindo papéis de poder, que eram exclusivamente masculinos. Ainda ouço coisas como “você trabalha que nem homem” e eu respondo que não, que trabalho mais, porque a mulher tem que se provar melhor para que a aceitem. E para o homem é mais difícil “perder” esse poder que ele tinha sobre a sua mulher, para muitos ter uma mulher do lado que seja independente financeiramente é um risco de perdê-la a qualquer instante...mal sabem que, assim como eles, só queremos companheirismo e cumplicidade de quem está ao nosso lado, não precisam temer.


Jornal DHoje -  Você é uma pessoa que gosta bastante de viajar e já conheceu vários lugares. Qual desses lugares foi o mais exótico?
Ah, exótico com certeza foi a viagem à Ásia que fiz ano passado. Indonésia, Tailândia, Malásia, Cingapura...é outro mundo, cultura muito diferente, pessoas, religião, comida, comportamento, tudo. Ainda quero voltar para conhecer mais...


Jornal DHoje -  Qual viagem que você jamais faria novamente?
Nenhuma, não me imagino negando uma viagem...


Jornal DHoje -  E qual delas você repetiria?
Todas! Cada vez que você vai, é um olhar distinto, um aprendizado novo, uma colaboração diferente para aquele momento da sua vida, uma outra recordação.


Jornal DHoje -  Você é uma pessoa bastante ativa nas redes sociais. Como você analisa as redes sociais?
Acho fantástico! Eu vejo minha mãe, com 70 anos, encontrando amigos de infância e compartilhando fotos no grupo de Nova Granada do facebook e me emociono. Pensar que antigamente eles se distanciavam e se comunicavam por cartas sem saber se estas eram entregues, e quando recebiam resposta eram após meses...e hoje se falam em tempo real recordando dessa época! Do lado corporativo, a empresa poder ouvir seus clientes e instantaneamente alterar um produto ou campanha, resolver um problema que poderia lhe causar milhões em danos se diagnosticado só mais tarde, e poder divulgar suas novidades e medir o resultado rapidamente, é demais!
Mas infelizmente os usuários de redes sociais, para fins pessoais ou profissionais, ainda tem muito o que desenvolver para extrair todo o benefício que elas podem nos dar, além de terem que ficar atento para não causar mais ônus do que bônus.


Jornal DHoje -  As redes sociais acabam expondo muito a vida pessoal das pessoas. Isso já te atrapalhou em alguma coisa?
Não digo atrapalhar, nunca tive problemas por algo que eu expus, mas já fui exposta de forma que não me agradou, por pessoas que se aproveitaram de laços de amizades e confidências minhas para aparecer nas redes sociais. No fim isso acaba sendo mais um aprendizado para identificarmos as pessoas, infelizmente através de decepções, mas assim é a vida.


Jornal DHoje - O que é positivo e o que é negativo nas redes sociais?
O positivo é a possibilidade de reduzir distâncias, de aproximar pessoas com objetivos comuns, e de facilitar a troca de informações.
O negativo é a exposição, a má interpretação de palavras colocadas, o uso para fins de má fé como perfis fakes, mentiras, os famosos boatos de internet conhecidos como hoaxes que inventam histórias de pessoas doentes, de causas infundadas e pedem para compartilhar, enviar dinheiro, etc.


Jornal DHoje -  Pelas redes sociais podemos perceber que você é uma pessoa bastante critica. Algum post já te prejudicou em alguma coisa?
Eu tenho uma opinião e acho que cada um tem a sua, mas muita gente não entende e quer te convencer a ter a mesma opinião que a dela. Impossível agradar a todos! Eu exponho o que penso, quando sinto necessário, críticas são bem-vindas, e respeitadas. Adotei uma postura de não ir no mural dos outros criticar, ofender, cada um tem direito a expor sua opinião em sua página,  mas a recíproca nem sempre é verdadeira e de vez em quando aparece no meu perfil alguém que parte pra ignorância e não sabe argumentar...eu procuro me basear em fatos nas respostas, mas quando é só paixão, tipo futebol,  nunca teremos um consenso, dou risada e procuro fazer disso uma brincadeira saudável e sem ofensas.


Jornal DHoje -  Você se arrepende de ter postado alguma coisa em rede social ?
Não, dá para contar no dedo as vezes que apaguei um post, quando o fiz era algum tweet, que após enviá-lo, reli e não gostei. Não sei se me arrependo de já ter feito, mas hoje muitas das minhas fotos no facebook estão selecionadas para visualização apenas de familiares e pessoas próximas, acho que a rede tomou uma dimensão muito grande, e muitas pessoas transmitem energias ruins, mesmo que involuntariamente, ao te ver em momentos felizes.


Jornal DHoje - Qual dica você daria para as pessoas que usam redes sociais? O que deve e o que não deve postar?
Se te dessem 1 minuto para um pronunciamento, que seria ouvido em todo o mundo, tipo discurso do Barack Obama, você falaria isso que está postando? Porque no fundo é isso, a repercussão da rede social não tem limites, então esteja ciente e confiante no que está transmitindo...e também se é relevante compartilhar aquilo, porque carência todo mundo tem, mas acho legal se preservar.


Jornal DHoje - Pelas redes sociais também percebemos que você é fã assumida do programa Big Brother Brasil. Você, por ser uma mulher inteligente e uma formadora de opinião, já foi criticada 
ou sofreu algum tipo de preconceito por gostar e defender o BBB?
Fui muuuuuuito criticada, mas nem ligo. Não consigo entender uma pessoa achar que é mais inteligente, culta, ou sei lá o que mais que os outros por assistir ou não um programa de TV. O fato de eu querer descansar a mente assistindo um programa de fácil compreensão, não irá me impedir de ler um livro, de ser boa profissional, de ter caráter, entre outras coisas que valorizo em uma pessoa. As redes sociais se tornaram uma grande vitrine de gente que quer se mostrar engajada em causas, grandes leitores de livros que não assistem programas fúteis e boicotam grandes corporações, compartilhadores de frases feitas, ou ainda usando o nome de Deus o tempo todo, etc. Eu acho que as suas atitudes demonstram quem você realmente é, não o que você escreve (repetidas vezes) nas redes sociais. Os ativistas de redes sociais são assim, defendem animais mas comem carne, dizem não assistir BBB mas perdem um tempão criticando quem assiste em vez de realmente “ler um livro”, boicotam a Globo um dia mas assistem outra emissora que dá na mesma, pregam a Deus mas passam a perna nos outros no dia-a-dia, e assim por diante. O mal do século se chama HIPOCRISIA e é amplamente projetado nas redes sociais.


Jornal DHoje -  E para encerrar, qual é seu sonho?
Minha mãe diz que “se é pra sonhar, vamos sonhar gordo!”, então eu realmente sonho com um Brasil menos corrupto, acho que desencadearia inúmeras melhorias em nossas vidas, e na possibilidade de um futuro melhor para as próximas gerações. Em um universo menor, sonho com saúde para mim e as pessoas que amo, o resto corremos atrás.

quinta-feira, março 08, 2012

Troco rosas por mais caráter e menos hipocrisia


Todo ano, nesta data, sinto menos orgulho de ser mulher. Sim, infelizmente. Pois me lembro que pertenço a uma categoria que precisa de um dia para ser homenageada, de uma lei e uma delegacia específica para protegê-la (e ainda correm o risco de denunciar e ouvirem que a culpa é dela), de ser considerada parte dos grupos de diversidade em empresas e universidades, de um padrão de beleza para ser aceita, de matar um leão por dia para provar sua igualdade, de um incêndio de peça íntima para ganhar mais trabalho e responsabilidade, e mesmo assim ser chamada de sexo frágil.

Entre as inúmeras frases prontas que li hoje parabenizando as mulheres, encontrei também piadinhas sobre nossa atuação como motoristas, sobre estarmos liberadas hoje de lavar a louça, ou ainda citando a famosa Amélia, lamentos de que não se fazem mais "mulheres de verdade", ou seja, como aquela que não tinha a menor vaidade. Desculpem, mas dirijo muito bem, odeio e raramente faço qualquer serviço de casa, sou vaidosa e ainda trabalho muito mais que a maioria dos homens que conheço. E todas essas qualidades/defeitos não estão relacionadas ao gênero que pertenço.

E aí você sai de casa hoje e recebe rosas em postos de gasolina, no trabalho, daquele cara querendo te conquistar, ou de alguém que não está ao seu lado. E amanhã o frentista tentará novamente te passar pra trás por ser mulher e não entender de mecânica, o conquistador que já conseguiu o que quer talvez você nem o verá mais, aquela ausência continuará registrada na fotografia, e você continuará trabalhando "como homem" e sendo, embora não explicitamente, discriminada.

Passei para almoçar em casa hoje e estava passando um dos meus filmes preferidos, "Um lugar chamado Notting Hill". Adoro esse filme pelos atores, pelo senso de humor, pela trilha sonora, pelo romance e pela história realista, tão propícia para o dia de hoje. Ela é uma celebridade internacional e milionária, ele um cidadão qualquer com um pequeno negócio não muito bem sucedido, e se apaixonam. E qual o grande problema? O fato do estereótipo dizer que o homem deve ser mais bem sucedido e ganhar mais do que a mulher. Ponto. O que a leva no final do filme a pedir para que ele "esqueça" a celebridade e lembre-se que ela é só uma mulher querendo amar e ser amada, direito de qualquer ser humano. Aí paramos para pensar em quantas mulheres bem sucedidas e solitárias existem por aí, enquanto os homens neste patamar costumam ter quantas mulheres quiserem, sem serem julgados por isso.

Enfim, podia passar horas e caracteres citando exemplos que me entristecem e me fazem enxergar hipocrisia nesse dia. São muitas fotos de flores e mensagens prontas, banalizadas, espalhadas nas redes sociais. Aí você vê aquele cara, que é grosso e machista com a própria mãe, homenageando as mulheres, ou ainda aquele outro que trai a esposa o ano todo na cara dura, enviando flores e poemas "ctrl+c / ctrl+v". Do mesmo jeito que tem mulheres que não se deram o respeito, que falaram/fizeram maldade pelas costas do marido, dos amigos, dos irmãos, dos colegas de trabalho o ano todo, e hoje estão se vangloriando por ser mulher e "exigindo" os parabéns.

Não quero generalizar, recebi parabéns de pessoas muito queridas, mas que também demonstram isso por mim nas atitudes, em dias comuns, assim como parabenizo mulheres (e homens) que merecem sempre que tenho oportunidade.

O fato é que não me acho melhor, nem pior, por ser mulher. Homens e mulheres são diferentes, em diversos aspectos, e se não houvessem tais diferenças nada faria sentido. Mas tem algo que deveria ser comum a todos os seres humanos, e que disso sim tenho orgulho, que é o caráter...e a busca diária de manter a constância do mesmo. Parabéns a todos, mulheres e homens, que deitam a cabeça no travesseiro todos os dias, se sentindo merecedores de homenagens pelo ser humano que são, por respeitarem os seus próximos...sem dia específico e, principalmente, sem hipocrisia!

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Um X no meu coração!

Não sei nem por onde começar, ainda me encontro em estado de êxtase...engraçado que neste momento, por eu ter esquecido de comer o dia todo (coisa raríssima), sinto a mesma dor de cabeça que senti há 23 anos, quando cheguei na rua Saturnino de Brito, 74, Jardim Botânico, cep 22470, primeira vez que eu pisava no Rio de Janeiro. Fui de excursão saindo de Rio Preto, de ônibus, com minha mãe e minha prima-irmã, participar da gravação do Xou da Xuxa, ícone indiscutível da minha geração.

Eu sempre fui baixinha da Xuxa, com orgulho, de dançar todas as músicas com as amigas na garagem de casa, de ficar com raiva de quem falasse mal dela, de querer usar suas roupas, de sonhar em ser paquita. E em 1989, quando fui à gravação do Xou, a emoção foi tanta que passei mal quando entrei no studio, senti muita dor de cabeça, estômago embrulhado e fui para os bastidores tomar remédio com uma das paquitas. Mas consegui voltar, tirar foto com a Xuxa e participar de toda a gravação, experiência indescritível, para o resto da vida.

Hoje, prestes a completar 33 anos, tive uma reunião de trabalho a tarde toda com ela, Xuxa Meneghel. E posso te garantir que a minha emoção foi a mesma, mas a maturidade e experiência me ensinaram a disfarçar. Mesmo porque ela é realmente uma pessoa iluminada, que transmite uma energia do bem, e que me fez sentir como se estivesse na sala de casa, com aquela antiga amiga que passava todas as manhãs comigo quando eu era pequena.

Estou no Rio para este projeto em parceria com ela há 3 meses, e não tem sido fácil. Sim, o Rio é lindo, cidade maravilhosa, sensacional morar de frente para o mar, inúmeras opções de tudo, sonho de consumo. Mas estou aqui sozinha, deixei minha família, moro em flat e abri mão da minha casa, recomecei muita coisa e deixei parte de minha vida para trás...mais uma vez. E é como deixar um pedaço de mim, vivo com o coração apertado e choro quase todos os dias por isso, confesso.

Mas eu sempre tive sonhos, e mais do que isso, sempre busquei realizá-los, e sentindo na pele o preço a ser pago por isso. E em um dia como hoje, os questionamentos diários do tipo "será que vale a pena?" são respondidos. E ouvir a voz dos meus pais orgulhosos do outro lado do telefone também é bom demais! Bem melhor do que o abraço de pena por me ver ao lado deles, porém cheia de frustrações.

Em um momento da reunião a Xuxa falou de sonhos, e coincidentemente me olhou e fez o famoso "querer, poder e conseguir" com os dedos, o qual eu repeti instintivamente junto com ela, com um sorriso de orelha a orelha enquanto aqueles olhos azuis irradiavam coisas boas em minha direção. É, e assim renovei minhas forças para aguentar mais um pouco essa "vida cigana" que eu levo...tendo mais uma vez a certeza de que "tudo que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar."

P.S. Eu estava lá como executiva, mas ao final fui obrigada a tietar e "atualizar" a minha foto com ela.