terça-feira, março 04, 2014

Três décadas e meia de vida

Infelizmente, mesmo com 35 anos e muita evolução, ainda não cheguei ao nível de coragem de fazer um video, como a argentina abaixo...vídeo este que minha mãe viu e postou no meu facebook dizendo ser "a minha cara".

Sim, sou solteira aos 35 anos, e isso é bem diferente das minhas expectativas de criança...expectativa esta gerada pela minha criação, o que nos leva a concluir que minha realidade também difere bastante das expectativas da minha mãe e de toda a família. E vamos falar a verdade? Se tem uma coisa que aprendi nessas 3 décadas e meia de vida é que a tal expectativa é uma merda! Mas como não tê-las? Viver sem sonhos? Jamais (ainda mais para uma pisciana!)!

Já que citei a infância, lembra daquelas brincadeiras que você escrevia 3 nomes de meninos, 3 cidades, 3 profissões, 3 carros, e se seria pobre, rico ou milionário? Pois é...vamos à análise dos resultados:

1) Obviamente não me casei com 22 anos, idade que minha mãe se casou, e que eu adotava como meta. Desvio padrão de erro de 13 anos até o momento, com grandes chances de aumento.

2) Como não casei, podia pelo menos estar namorando um dos meninos citados na brincadeira...errei bonito na escolha do Ricky do menudo, que hoje se chama Ricky Martin e vive feliz em um casamento gay com filhos gêmeos adotados...pior ainda o Rafael do Polegar, mais conhecido como Rafael Pilha, que após se afundar nas drogas, virou cantor gospel...provavelmente o terceiro era algum paquerinha da escola, o que me dá crise de riso só de pensar nas possibilidades...rs gostaria muito de afirmar que evoluí nas escolhas de paqueras ao longo destes anos, mas infelizmente não tenho tanta certeza assim...rsrs

3) Ok, São Paulo sempre esteve entre as minhas cidades selecionadas, por eu ter nascido aqui. Rio Preto era a outra opção, e provavelmente a terceira era Orlando por causa da Disney. Digamos que este era o fator mais coerente da brincadeira, mas hoje, conhecendo bem mais o mundo, seria quase impossível elencar apenas 3 lugares.

4) Eu não me tornei atriz, muito menos cantora...mas depois de velha eu acabei passando bem perto da opção de ser paquita! ahahahaha quem diria, trabalhar com a Xuxa até pouco mais de 2 anos me pareceu a opção menos provável de todas!

5) Eu nunca dirigi um Diplomata, uma limousine ou um trailler. #chatiada (sim, eu sempre quis ter um trailler!).

6)  Pobre, rico ou milionário? Isso é tão relativo...provavelmente o milionário daquela época é o pobre de hoje, e vice-versa. Se eu pudesse escolher, queria que nosso país nos proporcionasse melhores condições para os empresários e trabalhadores ricos, pobres e milionários, e não termos que pagar tanto imposto sem retorno, isso realmente é uma expectativa frustrada...

Enfim, essa brincadeirinha só prova o quanto a gente muda, e junto mudam também nossas expectativas e desejos. Frustrações ocorrem, são parte da nossa evolução, mas também acontece muita coisa surpreendentemente maravilhosa. Estou feliz com meus 35 anos, sempre procuro pensar na quantidade de pessoas que, por alguma fatalidade, não consegue chegar até a idade que estou fazendo...e agradeço muito a Deus pela oportunidade, e mais ainda de estar rodeada de pessoas que amo.

Um brinde às expectativas...ruim com elas, pior sem elas!


quarta-feira, outubro 09, 2013

Nunca comi, sempre fui gorda...

Com os 35 anos batendo a minha porta, cada vez mais a neurose de eliminar os quilos extras me assombra e judia das minhas noites de sono. Todo mundo avisou, mas você sempre acha que não vai chegar seu dia, ou que seu metabolismo não vai ser desses que liga de uma vez o "slow motion", mas a verdade é que depois dos 30 é muito mais difícil ter resultado fechando a boca...e agora já estão me falando que é depois dos 40...mas calma, não sofrerei por antecipação.

Enfim, a verdade é que comecei falando da idade, mas desde que me conheço por gente eu faço regime (nem era chamado de dieta ainda...rs). Dieta da lua, da USP, da sopa, do tipo sanguíneo, do abacaxi, dois filhos de Francisco (dorme que a fome passa...), Vigilantes do Peso, Herbalife, Sibutramina, Atkins, South Beach, ortomolecular, nutricionista, endocrinologista, xenecal, spa, personal, fiz de tudo que apareceu. Como sou filha temporona, minha mãe conta que não tinha muita paciência mais, e fui praticamente criada na mamadeira com nescau, e na papinha da Nestlé. Ou seja, olho minhas fotos e morro de vontade de me apertar...eu era a coisa mais fofa. Só que essa fofura só tem efeito positivo até os 2 anos de idade, né? Pois é...e aí que começou a neurose. Em casa dificilmente tinha bolacha, bala, chocolate, chips...essas coisas que crianças adoram. Em festa de aniversário, ficava me contendo para não atacar a mesa toda de doces. Açúcar? Não sei usar até hoje, adoçante faz parte do meu DNA...com ou sem aspartame, ele sempre esteve lá.

Daí o título "nunca comi, sempre fui gorda", porque desde sempre me policio e restrinjo minha alimentação...mas sempre fui gordinha. Tá certo que tem épocas da minha vida que olho fotos e não acho que eu era tão gorda quanto eu me achava, quanto me cobrava...na adolescência tudo fica enorme, né? Principalmente nossa imagem perante a sociedade. Depois de adulta a gente se descobre, aprende a usar determinadas imperfeições do nosso corpo a nosso favor, mas naquela época você só encontra defeitos sem solução. Foi numa dessas que parei de tomar refrigerante, aos 14 anos. Louca por coca-cola e guaraná, fiz promessa de parar 1 semana, aguentei 1 mês, 1 ano...aí fui pra Disney e tomei (porque lá, há 20 anos, era bem mais fácil que encontrar água!), e senti um gosto horrível, quase vomitei. E daí, pra nunca mais...é realmente hábito, gente.

Falamos de porcarias até agora, mas e as refeições? De novo, voltamos à infância. Pós papinha Nestlé, o que eu comia? "Arroz amarelinho". E só. Arroz com gema de ovo era só o que eu queria. Almoço e jantar. Até descobrir o miojo com manteiga. E depois o "bife com capota" (a milanesa). E o hot dog pão com salsicha. E depois o strogonoff, já na pré-adolescência. Essa era a minha vida. Salada? Nem 1 miligrama. Fazia cara feia, não tolerava de jeito nenhum. Sofria horrores para ir na casa das amiguinhas, acho que por isso eu sempre as trazia pra minha casa. Quando penso nessa trajetória, me julgo um organismo de sorte, meus exames de sangue sempre apresentam resultados exemplares, e graças a Deus nunca tive nada. Vai entender...

Com 16 anos entro na faculdade e vou morar em Ribeirão com uma amiga. Acabou Nice fazendo comida todo dia, e a Fernanda começa a cair na realidade. Minha prima fala até hoje que lembra do espanto que teve ao me visitar e me ver pedindo no restaurante um prato com arroz, feijão, lombo, farofa e salada. Tive que aprender a comer de tudo. E claro, com a boquinha boa que tenho, aprendi a gostar de tudo mesmo...principalmente do que engorda. Tinha uma confeitaria do lado de casa, fiquei viciada nos salgados, passei a dar um valor imensurável no arroz e feijão caseiro, a degustar todos os tipos de massas e molhos, a apreciar todas as partes do boi em um belo churrasco, e principalmente a desfrutar das facilidades de um congelado da Sadia para quem não sabia esquentar uma água no fogão. Ah sim, e passei a comer salada uma vez ou outra. Não que eu gostaaaaaasse, mas comia. Também aprendi a tomar cerveja...e chopp, e whisky, e vinho, e sakê, e cachaça...bom, também sou filha de Deus, né? rs Ah, das coisas engraçadas da vida? Peguei birra de ovo, aquele do arroz amarelinho...só fizemos as pazes há uns 3 anos...rs

Todo esse tempo eu intercalava com as dietas mencionadas acima, até que fui morar nos EUA com 24 anos. Eu ouvia as histórias "Fulana fez intercâmbio e voltou redonda, Sicrano engordou 20 kg, Beltrano ta com 3 papos". Eu tinha certeza que entraria para estas estatísticas, mas surpreendentemente foi o contrário. Permaneci o ano todo em forma, como nunca. E sem fazer dieta alguma! Comia muito fora, mas também passei a comprar salada pronta, além dos congelados. E aquelas tranqueiradas americanas que engordam, não me apeteciam. E foi aí que descobri que a comida Brasileira, principalmente o arroz e feijão, é que me faz perder a cabeça e o controle do peso.

De lá pra cá, quando voltei para o Brasil, intercalei mais algumas dietas nestes 10 anos...principalmente porque as responsabilidades aumentam, e consequentemente o stress, e a boquinha nervosa. Ahhhhh eu não como os meus problemas, eu os devooooro. Desconto mesmo na comida, e nas minhas pobres unhas roídas. Já me falaram que tenho alguma fixação oral, mas não quis entrar em detalhes...rs

E assim vem sendo, até que, em meados de agosto, resolvi fazer a tão falada dieta Dukan. A primeira vez que ouvi falar nisso foi no casamento do príncipe William, ao ver a noiva e sua irmã extremamente esbeltas em seus vestidos brancos que marcariam até pelo encravado. Virou moda e todo mundo começou a falar disso em todo lugar. Eu sabia que era muito parecida com a Atkins, mas tinha fases e alguns itens tolerados, blablabla. Resisti bravamente por um tempo, e aí resolvi aderir. Fiz o cadastro no site oficial para ter o diagnóstico, me recusei a pagar, optando por fazer sozinha e seguindo dicas da internet. Mas eu confesso que se fosse seguir a risca, não conseguiria...então fiz várias adaptações por conta própria: não conto gotas de azeite, não alterno entre dias com e sem verdura e, o mais importante, incluí bebida alcoólica destilada.

Usando palavras da moda, nomeei a minha dieta de "Dukan Inspired". E deu resultado! Depois de 3 meses, eliminei 12 quilos e estou me sentindo ótima!

Neste meio tempo contagiei várias pessoas ao meu redor e nas redes sociais, e o mais chocante.......estou cozinhando as receitas da dieta e adorando! E foi por isso que resolvi escrever e contar essa experiência neste blog semi-abandonado. Quando posto foto das comidas que tenho feito, ou do resultado nítido que tenho obtido, muitas pessoas me pedem conselhos e me questionam o que podem comer, como estou seguindo, etc...e quem já aderiu, adora debater o assunto...não tenho embasamento médico algum, a única orientação que passo é que, independente da dieta, o importante é ter força de vontade e determinação, não escorregar mesmo...e se escorregar, não se culpar, e correr atrás de recuperar e não repetir o escorregão! Eu costumo dizer que, como não é uma dieta de contar calorias, não tem isso de "comer só um pouquinho" do que não pode...no jogo da Dukan, um pouquinho é "volte 3 casas". Sorry!

Enfim, só sei que ainda tenho algumas gordurinhas a eliminar (a maldita pochete!), e logo terei que retomar atividade física, e inserir itens aos poucos, balancear a alimentação, etc e tal...mas hoje estou bem contente e adaptada com essa dieta. Ainda tenho uma meta de usar um vestido lindo que minha mãe resgatou do baú esses dias...ele já fechou, mas quero que ele fique estonteante. Ela disse que vou ganhar presente se fechar...tomara que seja roupa, pois fiz promessa de não comprar peça alguma até o Natal, estou sofrendo horrores...mas em compensação estou cabendo em várias coisas legais que eu tinha abandonado no fundo do guarda-roupa. E essa sensação de "reciclagem" é tão boa quanto sair da loja cheia de sacolas...acreditem!

P.S.  Como muitos me perguntam, vou postar o passo-a-passo que fiz (e que ainda não acabou!):

1) Saber que é a hora de começar! É o mais importante...não adianta começar sem estar disposta a se privar de algumas coisas, tem que ter muita força de vontade, independente da dieta que for fazer...muitas vezes queremos, sofremos, outras pessoas dizem, mas não adianta...não nos inspiramos naquele momento, pode ser algum fator externo, mas na maioria das vezes é que precisamos nos acertar internamente...

2) Dar uma pesquisada se é a dieta certa pra você...quem não come carne e ovo fica bem difícil...e também faça seus exames regulares antes, para garantir que está tudo bem com seu organismo para iniciar uma dieta deste tipo...

3) Fazer o diagnóstico no site oficial: www.dietadukan.com.br e ver uma estimativa do seu peso ideal, e quanto tempo deverá passar em cada fase. Eles vão te oferecer um acompanhamento pago, eu não paguei, segui por conta própria...

4) Dá uma olhada no site www.dietadukanreceitas.com.br e veja o que pode, e o que não pode em cada fase, tem também diversas receitas e sugestões de cardápio por fase. Passe no supermercado e faça uma compra focada na dieta, e programe suas próximas refeições, seja em casa ou fora, já se prepare psicologicamente o que pretende comer...

5) COMEÇAR...e não importa o dia que for...nada de esperar a segunda-feira, ou o período da manhã, pode começar no meio da tarde de uma quinta, em um sábado a noite, determinação é isso!

6) A primeira fase, o Ataque, é a pior, depende do quanto quer eliminar, ela pode durar até 1 semana. Não é permitido verduras e legumes, então você come proteína o tempo todo. Você está "ensinando" seu corpo a queimar a reserva que ele tem...no começo pode sentir um pouco de fraqueza, mas passa, e depois você se sentirá melhor que antes...de verdade! Sem contar que a gente realmente murcha nesta primeira semana, é nítido...e isso só dá mais estímulo para continuar...não é mesmo?

7) A segunda fase, a Cruzeiro, é a mais longa...e é onde devemos usar e abusar da criatividade pra driblar a vontade de carboidrato e doce (no meu caso, na TPM), e fazer as receitas do site que mencionei acima...eu não saí desta fase ainda, pois tenho mais 3 kg pra eliminar...então daqui pra frente, não tenho ainda o que falar...mas depois prometo falar sobre as fases de Consolidação e Estabilização, ok?

Boa sorte !!! E não se esqueçam...FOCO...porque um mero pão de queijo pode te fazer voltar 3 casas, ou seja, lá se foram 2, 3 dias de dieta!!

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Era uma vez...

...um lugarzinho no meio do nada. Mentira, era no meio de tudo! De tudo o que há de mais bacana para um estudante. Ficava a duas quadras da estação Central Square. Estação que separa simplesmente MIT e Harvard. E eis que fui parar lá. Há exatamente 10 anos.

Aos 23 anos eu resolvi realizar o sonho de estudar fora, e me candidatei a uma vaga para um curso de extensão em comunicação. Procurei vários, mas quando encontrei esse, os outros sumiram da minha mente. Eu queria ele. Acho que deixei a mulher da secretaria louca de tantos e-mails e telefonemas, até que ela me respondeu que o conselho me aprovou, mas estavam com receio porque no curso não havia estrangeiros que morassem fora dos EUA, e que apesar de eu ter comprovado proficiência no exame, eu ainda teria dificuldade com a língua, afinal o curso era comunicação. Receio e dificuldade, palavras mágicas...hum, desafio? Tô dentro!

Não foi fácil. Toda vez que vou a Cumbica me lembro do momento que virei as costas para minha família e amigos que estavam lá se despedindo, e adentrei a fila da Receita Federal. Ao chegar ao portão de embarque eu desmontei, literalmente. Agachei encostada na pilastra e chorei igual criança. Não teve quem não olhou, e um segurança veio me perguntar se estava tudo bem. Não estava. Mas eu sabia que iria ficar. Foi uma escolha minha. Realizar sonhos, na maioria das vezes, requer enfrentar um caminho cheio de pesadelos. E ficar tão longe das pessoas que amo foi o maior deles.

Ao chegar em Boston eu tive um anjo chamado Gisele que me recebeu em sua casa até liberarem o apartamento que ela tinha alugado para mim. Ela e sua família tornaram tão mais fácil o primeiro impacto da adaptação a uma vida nova. Serei eternamente grata por chegar em um local estranho, a 5 graus negativos e muita neve, e encontrar um lar cheio de amor tupiniquim (e caipira como eu!).  

Depois de uma semana, lá estava meu apartamento me esperando. mas eu tinha que comprar móveis, utensílios, etc. E como carregar? Lá nada é simples, e ninguém te ajuda. Resultado: aluguei um caminhão. Feliz da vida com essa solução, o cara me dá a chave do mesmo e pede para devolver no final do dia. Sim, eu tinha que dirigi-lo! E lá fui eu me sentindo a Sula Miranda, parando em Wal Mart, Target, Home Depot e "decorando" a minha casa, carregando no caminhão, e descarregando no apartamento. A esta altura eu suava como se estivesse no verão da Bahia. E enfim, fui devolver o caminhão, e tive a grata surpresa de me deparar com a linda e simpática neve. Se dirigir um caminhão era novidade, imagina dirigi-lo na neve? E pelo visto eu não era a única com pouca experiência, porque de repente em um cruzamento, perdida, um sedan não consegue frear e bate com tudo na minha lateral. Coitado do cara, assustou mais com a garota Brasileira aos prantos descendo do caminhão, do que com a batida. Ainda bem que lá tudo funciona e no fim deu tudo certo. Lembro de ligar para meus pais depois de desencaixotar tudo no apartamento, feliz da vida, com aquele sentimento delicioso de "eu consegui".

E aí começam as aulas, e realmente só tinham gringos. Quer dizer, a gringa ali era eu. Enfim, vocês entenderam. E era uma delícia, fazíamos trabalho de campo, entrevistávamos pessoas na rua, criávamos texto e líamos em voz alta, todos comentavam, davam idéias. E acabava a aula, e ninguém queria saber mais nada da minha vida. Eu me tornava uma estranha. Uma estranha que voltava sozinha de metrô para sua casa sem abrir a boca. Engraçado que minha vontade de interagir era tanta que o cara no guichê do metrô falava o automático "Oi, td bem?" e eu respondia "Tudo e vc?". Ele assustou, afinal americanos não estão acostumados com isso, e no terceiro dia começou a me paquerar e me dar passagens de graça. Morri de medo e passei a comprar na máquina direto. Malditas Brasileiras piriguetes em busca de green card que ferram nossa imagem lá fora. Não podia nem sorrir para os caras que eles achavam que já queria algo mais. Fiquei traumatizada.

E aí, eu que sempre tive uma vida social agitada, me via passando noites e noites trancafiada, vendo a neve subir na minha janela (eu morava no térreo), e comunicando com o Brasil por MSN. Até que escolhi uma disciplina de negócios e a turma era enorme, aula no auditório, e em um momento resolveram dividir em turmas menores. Eu sento e coloco a placa do meu nome na minha frente, e olho a garota ao lado: Renata. Nos entreolhamos e nos identificamos. Brasileiras, claro. De novo, do interior. Mais ainda, frequentávamos o mesmo dentista (ainda não sei como esse assunto surgiu logo de cara!) e o pai dela havia construído um consultório em forma de castelinho na esquina da minha casa em Rio Preto, onde eu sempre ia brincar quando pequena. Foi amizade eterna a primeira vista. E uma nova vida social pra mim em Boston. A Renata morava lá há anos e conhecia tudo e todos, e fizemos uma turma sensacional, da qual saiu inclusive o casamento dela com o Colin, do qual tenho maior orgulho de ser madrinha no civil e no religioso. Eu poderia passar horas descrevendo as inúmeras palhaçadas que aprontamos, como churrasco Brasileiro na minúscula varanda nevando, as noites de quarta no Pravda e de sábado na Venu, onde a tradição era virar uma bebida azul chamada "Mongolian Motherfucker". Saudades dessa disposição!

Após dois meses por lá, já mais adaptada, comecei a me incomodar de ficar sem produzir. Eu precisava trabalhar. Mas em que? Eu sempre fui imprestável para qualquer tipo de trabalho manual, ou que exija coordenação motora. E emprego na minha área, para uma estrangeira com visto estudante, seria bem difícil. Mas comecei a me enfiar em palestras gratuitas e descobri que havia uma comunidade Brasileira gigante na área, e que eles atuavam em diversas áreas. Até que descobri um grupo de voluntários maravilhosos, que fazia ações de prevenção a HIV e suporte a famílias de usuários de drogas, e marquei de falar com a coordenadora. Eles estavam produzindo um filme, e logo eu já estava ajudando com a legenda e divulgação. Tinha encontro às quartas e eu me perguntava se estava ajudando mesmo, ou sendo ajudada, de tanto que me fazia bem frequentar aquele grupo, conversar com aquelas pessoas maravilhosas. Cada história de Brasileiro que largou tudo e foi arriscar a vida por lá, trabalhando em 3, 4 empregos, morrendo de saudade e de medo por não estar legalizado, mas ainda tinha tempo para se dedicar ao grupo e ajudar o próximo.

E aí que surgiu uma vaga para coordenadora da Câmara de Comércio Brasil-EUA na região. Era um startup, uma iniciativa do consulado com alguns empresários que atuavam por lá. Fui fazer entrevista e me escolheram. De repente eu estava trabalhando na minha área, sendo remunerada, e ainda por cima ajudando micro empresários Brasileiros que precisavam de suporte administrativo para se estruturarem na América. Foi um presente de Deus, só pode. Tive até a oportunidade de conhecer um cara que admiro muito, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Finalmente eu tinha estruturado a minha vida por lá, comprei meu carro e era independente novamente. Ah, como eu gosto disso...mesmo com todos os tropeços que a vida pode nos dar, como viajar um final de semana e encontrar na volta apenas a antena do carro aparecendo em meio a uma montanha de neve, e ter que comprar uma pá e "desenterrá-lo" sozinha, sem passar um tiozinho na rua se oferecendo para ajudar, ou ainda quebrar a descarga do seu único banheiro e você ter que desmontá-la, descobrir a peça que deve trocar, pedir em inglês para o cara na loja e instalar.

E tinha a parte maravilhosa, como o fato de New York estar a mesma distância de São Paulo-Rio Preto, além das inúmeras estações de ski e outlets nos arredores, e a própria Boston ser linda e rica histórica, cultural e gastronomicamente. Meus pais foram me visitar e ficaram encantados. Mas a dor de vê-los embarcar doeu e me fez chorar tudo de novo no estacionamento do aeroporto. A vida estava ótima, mas não estava completa. E nunca estaria por lá.

Enfim, resolvi escrever hoje, porque passada uma década, não consigo imaginar minha vida sem ter vivido essa experiência. O curso foi ótimo, Harvard é inexplicável, mas o aprendizado além acadêmico foi incomparável. Após um ano vivendo lá, tive a oportunidade de ficar, mas preferi voltar. Não me arrependo. O ano de 2003 foi o mais importante da minha vida, e saí de Boston no auge, eternizando assim esse momento ímpar. No meu último mês lá, meus sobrinhos mais velhos ficaram comigo, estudando inglês. Nunca esqueço que ao fechar a porta do meu apartamento, chorando (de novo!), eles me abraçaram e me parabenizaram. Viram que não era fácil. Mas faria tudo de novo, sem alterar uma vírgula. Nunca mais voltei, sei que não será a mesma coisa. Mas acho que não passo um dia sequer sem citar ou lembrar de algo que vivi e aprendi por lá...











terça-feira, novembro 13, 2012

Estimada Autoestima Alta

Estimada Autoestima Alta, gostaria de lhe convidar a passar esse resto de vida ao meu lado, uma vez que com você eu sinto que posso tudo, e que ninguém tem o direito de dizer o contrário. E se por acaso disserem, deixa que digam, que pensem, que falem...

Vai falar que não é verdade? Quando nossa autoestima está "bombando", pouco importa o que os outros pensam, dizem, fazem...pois a síndrome do "sou mais eu" está em toda parte...no trabalho, no amor, na saúde, no que der na telha. Acordamos felizes, dormimos tranquilos, encaramos as dificuldades com leveza, somos mais amorosos com todos a nossa volta, damos mais valor nas pequenas coisas...mas por que mesmo não conseguimos ser assim sempre?

Acho que até a Gisele Bundchen deve ter seu "bad hair day", que ela acorda e não se sente lá aquelas coisas...claro que facilita o fato do mundo inteiro achar que ela é sim lá essas coisas, mas muitas vezes nosso interior fica cego, surdo, mudo e principalmente teimoso. Quantas vezes você não saiu e viu um cara gato olhando e pensou "não é pra mim que ele ta olhando", mais fácil pensar assim do que ter que encarar esta dúvida e a possibilidade do não.

Se não conseguimos convencer nem a nós mesmas que temos alguma coisa boa, como convencer outras pessoas? Temos TPM, stress do dia a dia que acaba com nossa pele, a ansiedade transformada em comer como se não houvesse amanhã, unhas roídas, algumas preocupações que não nos fazem querer sair da cama, arrumar cabelo, se tornar desejada. E isso se torna uma bola de neve, pois os problemas nos transformam em uma pessoa que não gostamos, e aí olhamos no espelho e ficamos mais deprimidas, e então achamos que não merecemos nada de bom, e continuamos a nos afundar, e assim vai. Um negativismo em looping. Quem nunca?

Aí olhamos a vida alheia e a grama está mais verde, e achamos que por isso a pessoa está melhor que a gente. Será que não é o contrário? Por esta pessoa estar bem com ela mesma, ela acabou atraindo coisas boas? E já considerou que esta grama pode nem ser tão verde, talvez seja da mesma coloração que a sua, mas ela simplesmente a considera radiante e você acredita? É relativo. Posso garantir que tanto o trabalho quanto o amor e a família dessa pessoa tem dia que enche o saco, que traz problemas, que dá vontade de sair correndo. Não existe vida perfeita, existem níveis de tolerância a dificuldades, e a forma de responder a elas.

Dia desses o sábio e sensato psiquiatra Flávio Gikovate falava sobre autoestima no twitter...e foi bem um dia que eu estava cabisbaixa, em uma manhã tristonha após um sonho ruim, e resolvi escrever para ele que naquele dia minha autoestima estava no pé, ele na hora me surpreendeu com uma "Direct Message", a famosa DM que é a mensagem particular do twitter, dizendo "Então hoje é melhor não escolher nenhum parceiro sentimental.". Caiu como uma luva! Primeiro porque ele não tentou me animar com frases motivacionais dizendo que eu sairia dessa, mas de forma realista assumiu que tem dias que realmente não nos sentimos bem...e segundo, se eu não estou bem comigo, estarei com outra pessoa? Algo tão simples me rendeu uma boa reflexão: definitivamente a vida tem altos e baixos, para todo mundo, e no mínimo precisamos de um parceiro, como o próprio nome diz, disposto a esta parceria nos bons e maus momentos, alguém que nessas horas nos ajude a elevar de volta a autoestima...e que não sirva apenas para nos escorarmos nele.

Ah se eu soubesse a fórmula para manter por perto essa estimada autoestima alta...eu estaria bilionária. Mas não sei, e tem dia que a procuro em todo lugar e não a encontro. Mas não desisto. Ela sempre está por aqui, em algum lugar próximo (ou seria dentro?), peço pra São Longuinho que uma hora ela aparece. E a trato muito bem para que não me abandone por muito tempo...


terça-feira, outubro 02, 2012

50 tons de medo!

A própria palavra medo já nos dá medo. Mas é fato, o ser humano é feito de medos. De diferentes tipos de medos. Inclusive o medo de admitir que tem medo. Sou dessas.

Quem me olha me acha forte, corajosa, independente, destemida. Mentira. Sou medrosa. Muito medrosa. Em muitas coisas sou conservadora...por medo de arriscar. Tenho medo de perder, medo de ganhar, medo de empatar e ficar na mesma. E por tudo isso, tenho medo de jogar. Mas jogo. Me jogo. No trabalho, nas relações, nos amores, na vida. Mas no meu travesseiro, calada, morro de medo.

Se eu disser que toda vez que entro em um avião eu não sinto medo, estaria mentindo. Adoro andar de avião e faço isso bastante, principalmente por causa do trabalho...mas sinto frio na barriga toda vez. Agora medo mesmo, no pior sentido da fobia eu sinto por transportes aquáticos. Sinto pavor. Mas vou. Enfrento. Poucas pessoas me viram neste momento, e posso dizer que todas ficaram assustadas. Me transformo, viro outra pessoa. Sou um ser transparente que não tem medo de assumir que sente medo, é nítido no meu olhar, na rigidez do meu corpo, nas mãos geladas e no silêncio. Esse meu medo se solta e se expressa livremente, ao contrário dos meus outros medos.

Recentemente, como a maioria das mulheres, eu me rendi à trilogia dos "50 tons"...viciei, choquei, apaixonei, sonhei diversas noites com Christian Grey, e assim como Anastasia Steele, senti 50 tons de medo. O medo de me envolver com alguém louco, e ao mesmo tempo o medo de perder alguém que muitas vezes me parece perfeito. O medo de encontrar alguém que tenha medo de se doar ao amor, ou ainda que outro alguém descubra que na verdade sou eu que tenho medo de me entregar a este bicho. O medo da dor, e até da falta dela. Medo da decepção. Pavor daquele olhar mortal de quem ama decepcionado com você.

E que atire a primeira pedra quem não tem medo de estar seguindo uma trilha errada no caminho da vida. Me questiono todo dia se meu GPS interno está me levando ao destino que almejo. E o medo de recalcular a rota, ou pior, de perder a comunicação com o satélite e seguir pra sempre extraviada. Qual é o caminho certo? Medo de nunca ter essa resposta. Peço à Deus que ilumine este caminho, mas nem só da escuridão eu sinto medo. Tanta maldade vemos acontecer em plena luz do dia. Medo dessas pessoas. Medo de acontecimentos que muitas vezes distorcem valores que julgamos corretos. Medo do destino. Medo de não haver destino. Medo de minhas reações a injustiças que presencio. Medo de mim. Medo de deixar de ser eu.

Medo...ah eu temo admitir, mas sou feita de diversos tipos deles. E quem não é?

quinta-feira, julho 26, 2012

Homenagem ao Dia dos Avós

Uma data que nunca guardo, mas hoje é dia dos avós, e resolvi escrever sobre essas pessoas fofas, que todos nós esperamos nos tornar um dia. Não conseguirei fugir do clichê de que avós são pais duas vezes, e muito menos de que "casa de vó" é um dos lugares mais maravilhosos que existe. Todos nós temos quatro deles, alguns tem a sorte de ter mais que isso, muitos não conhecem os quatro, às vezes nenhum, mas espero que encontrem alguém para lhe dar este carinho, este colo gostoso.

Eu não conheci meu avô paterno, na verdade meu pai pouco o conheceu também, o perdeu aos 13 anos de idade, porém nunca conviveu com ele. Não, ele não abandonou a família, ele sofreu com uma doença muito triste da época, a lepra (ou hanseníase), que as pessoas julgavam infecciosas e o obrigou a se afastar de todas as pessoas que amava. Sempre penso nele, neste sacrifício horroroso ao qual ele foi obrigado a se submeter. Meu pai, o caçula dos 5 filhos, tinha meses de vida, e ele lhe escrevia cartas cheias de carinho e tentando educá-lo a distância, muitas estão guardadas até hoje. Ele tem um pequeno livro impresso que relata parte de sua vida, simples, lindo e emocionante. Acho que puxei pra ele essa mania de desabafar escrevendo. Dos "causos", sempre lembro do trem que ele pegou e as pessoas quiseram lhe expulsar, sendo que as únicas a defendê-lo foram as prostitutas, e ele deixou isso registrado para mostrar que elas, tão desprezadas e julgadas, se mostraram muito mais humanas que qualquer outra pessoa. A seu Sebastião de Paula Braga, minha eterna admiração e um sentimento forte de saudade de quem nunca olhei nos olhos.

Se o avô paterno teve que se ausentar, minha admiração dobrada para a mulher que aguentou tudo sozinha, minha vó Ritinha. Já ouvi diversas vezes que me pareço com ela, branquinha, dócil na aparência, mas extremamente exigente e brava quando mexiam com ela ou com sua "cria". Com o afastamento do meu avô, os familiares quiseram separar seus filhos, alegando que ela não conseguiria cuidar de todos sozinha. Dizem que ela virou uma onça e não aceitou de maneira alguma. Passou a costurar para ganhar a vida, meu pai pequeno lhe ajudava a fazer entregas, os filhos mais velhos começaram a trabalhar. Passaram inúmeras dificuldades financeiras, desejos de ter o que os primos tinham, não tinham sapato para calçar...mas se perguntar para qualquer um deles, todos dirão que ela tomou a decisão certa: a união da família em primeiro lugar. E em termos de educação, ela sempre foi muito rígida, e criou seres humanos exemplares, na minha opinião. Meu pai sempre conta que morria de medo de desobedecê-la, que uma vez estava na fazenda de seus avós e disse que voltaria tal dia, perdeu a hora nadando no rio e lá se foi o último trem. Voltou a pé, em  uma estrada que se dizia mal assombrada, enfrentou "fantasmas" mas não enfrentou dona Rita. Valores passados a nós posteriormente, ou seja, um relacionamento baseado em confiança. Tive o prazer de conhecê-la, por 6 anos apenas, mas lembro do cheiro da sua casa, do sorriso ao me ver chegar (a caçula dos 17 netos), do orgulho que sentia do meu pai. À dona Rita Luz Braga, um sentimento forte de saudade e de vontade de ter convivido e aprendido mais com ela.

Ao espanhol "mala raza" do meu avô materno eu já até fiz um post exclusivo (http://feluzbraga.blogspot.com/2010/07/origem-do-meu-sangue-espanholole.html), a figura merece. Filho de espanhóis, era uma criatura muito agradável, de alegria contagiante, bem cabeça dura também, mas na maioria das vezes tinha razão, seu senso de justiça era implacável. Tinha mais pose de durão do que realmente era, no fundo fazia tudo para suas filhas, netos e esposa. Suas pérolas são constantemente lembradas na família. Dançava como ninguém...ah que delícia ter tido a oportunidade de tê-lo em minha valsa de 15 anos. Pouco tempo depois ele me ensinou a cheirar lança perfume em casa:  "você vai encontrar por aí, e não quero que caia no salão quando for experimentar". Pode parecer um absurdo hoje, mas para ele era algo comum, veio de uma geração que conviveu com isso em bailes de carnaval como se fosse cerveja. Enfim, foi a única droga ilícita que experimentei até hoje...e devo em grande parte a ele, por ter "desmitificado" isso em casa, de forma natural, mostrando que não é nada demais, e que não precisamos disso para ser feliz. Teve a alegria nitidamente e eternamente abalada pela perda de sua filha do meio, por câncer em 1991, e desejou tanto morrer em seu lugar, que Deus o levou repentinamente em 1999. Dia de enorme tristeza, estávamos todos na estrada indo festejar com a família Luz Braga e voltamos às pressas. Ainda não assimilei muito bem esse dia, parecia um pesadelo. Ao seu Irineu Gomes, meus agradecimentos pelas sábias palavras e ensinamentos, e uma saudade sem fim.


Sabe aquela vovozinha fofa, que não vê defeito nos netos e que está sempre pronta para nos proteger? Essa é a dona Tita! Engraçadíssima, sempre adorou passar "trotes" nos amigos das filhas, se pintava de homem mal encarado, vestia máscaras e dava sustos na molecada no quintal. Adorava organizar festinhas de aniversário, imaginar vestidos e fantasias para os bailes, fazer biquinhos de crochê nas toalhas, não perdia uma viagem de carro em família, apesar de nunca ter dirigido. Quanto aos estudos, minha mãe repetia de ano e ela dizia "ano que vem você passa", e assinava nossas provas e bilhetes da escola quando precisava, com uma letrinha linda de menina. A casa dela em Nova Granada era uma delícia, reuníamos os primos nas férias, brigávamos pelas canecas que ela marcava com nossa inicial para não confundirmos, o cheiro de sua esfiha tomava conta da casa, e ela sempre enfiava um dinheirinho escondido nas nossas coisas. Os meninos aprontavam, chegaram até a colocar fogo no vaso de plumas da sala, mas ela sempre os defendia. Talvez por não ter tido filhos homens, os netos eram seus "preferidos", mas no bom sentido, pois nunca faltou amor para as netas, e nem enxoval (sim, tenho o meu guardado, amarelado já...rs). Após a morte do vô ela sofreu muito, não sabia se virar, era ele quem fazia tudo para ela. Foi morar com minha mãe, começou a ter dificuldade de andar, a levamos para um cruzeiro com o suporte de uma cadeira de rodas, ela se divertiu horrores, e eu mais ainda pois dividi a cabine com ela. Hoje, prestes a completar 91 anos, ela sofre com essa lamentável doença chamada Alzheimer. Está em um estágio avançado da doença, padecendo na cama, falando pouco, com quase nada de consciência. Mas de vez em quando ainda pergunta se casei (risos). Semana passada ouvi minha mãe dizer para ela "Mamãe, você não me reconhece, né? Mas o importante é que eu sei quem você é, viu...é minha mãe adorada....". Chorei muito. Triste vê-la nesse estado, mas é sempre bom vê-la, tocá-la, beijá-la. À dona Angelina Fonseca Gomes, todo meu amor e meus parabéns pelo seu dia, e eternos agradecimentos por ter sempre exercido o papel de avó brilhantemente, como manda o figurino.


Beijos a todos os avós...aproveito para parabenizar meus pais, Iraí e Roberto, pelos avós presentes, dedicados e amorosos que são!

sexta-feira, julho 20, 2012

Fase da Conquista?!


No começo tudo é lindo...ele faz questão de te buscar em casa e abrir a porta do carro, alguns surpreendem com flores, levam em bons restaurantes, pagam a conta, te enchem de elogios, não querem desgrudar, ligam toda hora, mandam mensagens fofas...ah, o amor! Nunca fui uma pessoa grudenta, mas demonstrações de carinho (in private, não no facebook) sempre é uma delícia! Pois é, estou nessa fase, totalmente apaixonada em uma fase inicial de relacionamento...apesar de ser um velho amor ainda e sempre.

Não gente, não estou falando de homem, mas sim da cidade onde nasci, a velha e louca cidade da garoa, São Paulo. Depois de passar oito meses na cidade maravilhosa (que realmente é maravilhosa), voltei para São Paulo no início de julho. Continuo com o mesmo trabalho para a minha eterna rainha dos baixinhos, mas não adianta, mundo corporativo flui mesmo é em São Paulo, então vamos fazer o negócio acontecer! E a mudança ocorreu rapidamente, e eu vim "amarradona", como dizem os cariocas, dirigindo meu carro pela Dutra, com direito a parada em Aparecida para agradecer o cara lá de cima...porque nenhum lugar me faz me sentir mais em casa do que São Paulo. E eu tive que rodar por aí para chegar a esta conclusão!

E aí que, como em um bom relacionamento em fase inicial, eu não posso me declarar para ela assim, fácil...então tenho feito jogo duro, entrei em uma dieta pesada para não ser vencida pelos inúmeros restaurantes deliciosos com adegas maravilhosas, mas em contrapartida descobri o Parque do Povo, que é delicioso para caminhar e ver gente bonita (to em um relacionamento aberto com a cidade, ta?). E ela segue na determinação de me conquistar de vez...Cheguei em julho, mês de férias escolares, ou seja, trânsito quase inexistente, clima de frio com sol, cercada de gente que amo e que mora aqui, a uma distância que posso pegar o carro e chegar até minha família no interior. Tem como não amar?

Ok, eu me rendo. São Paulo, nosso destino foi traçado na maternidade! Maternidade Matarazzo para ser mais exata...e o sangue paulistano corre em minhas veias, apesar do sotaque caipira! Dos meus 33 anos, até agora são 13 anos morando aqui, e uma vida inteira nas rodovias Bandeirantes-Washington Luiz. Já somos casados e sem direito a divórcio, você faz parte de mim, e como todo casamento eu te aceito na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no trânsito e na loucura, só espero que a violência um dia nos abandone...acho que é o único ponto que conflitamos! E em tempos de eleições municipais, me questiono porque ainda não transferi meu título para cá...o farei em breve, afinal tenho que ajudar a cuidar do meu amor, não é mesmo?

É pessoal, definitivamente alguma coisa acontece no meu coração...