Depois de um longo e tenebroso inverno...ops...nem longo, nem tenebroso, afinal passei um mês em lugares bem quentes, e voltei à minha terra onde o frio faz pequenas aparições esporádicas e de baixa intensidade...mas ok, é uma metáfora, e não diz respeito a meteorologia, e sim ao distanciamento que eu estava aqui do blog, e de muitas outras coisas. E a razão de tudo pode soar vergonhosa, mas foi por pura preguiça. Sim, eu estava com preguiça de escrever....e de "otras cositas más"...
E então eu me questiono como posso ter voltado de férias maravilhosas, que duraram quase um mês, e já estar com preguiça? E percebo que a preguiça tomou conta de mim justamente no momento em que o avião pousou por aqui. Ah, que preguiça da bagunça de Cumbica e do descaso da TAM, que me cobrou excesso de bagagem e não embarcou a dita cuja, preguiça de chegar e encontrar algumas mesmices, de enfrentar pontadas de inveja, de explicar o óbvio, de abafar sentimentos, de fingir não ouvir, de chacoalhar os fúteis, de pagar impostos que nada retornam, de engolir seco, de sufocar o grito........preguiça da realidade!
Não estou reclamando da vida, nem do Brasil, ou de Rio Preto...não sou de procurar culpa não, já morei em outros lugares e sei que o sentimento para mim sempre foi o mesmo em qualquer canto, é inerente ao ser humano...ou pelo menos à minha pessoa! É inevitável que quando saímos do caixote em que vivemos temos uma outra perspectiva dele, olhamos outros e questionamos se o que achávamos bom é realmente o melhor que podemos fazer....em todos os aspectos. Mas em contrapartida também reconhecemos o que temos, e aprendemos a dar valor.
Ou seja, toda esta "preguiça" é recompensada pelo abraço que recebi dos meus pais no aeroporto, ansiosos com olhos marejados e as vozes engasgadas de saudade...com a reação da minha avó, que mesmo sem lembrar meu nome por causa do Alzheimer, mostrou que sentiu minha falta ao dizer com um sorriso tranquilo "ufa, achei que você não ia voltar"...com as sobrinhas penduradas no pescoço, os irmãos ávidos por saberem tudo que passei sem suas devidas supervisões, a Nice me esperando com strogonoff e bolo de chocolate, e a sensacional corrida para todos os lados da casa seguida de lambidas do Johnnie...com o carinho dos amigos reais através de demonstrações virtuais e presenciais, com minha mesa no trabalho me esperando em um novo layout, com meu apartamento inacabado aguardando minhas decisões, com meu carro empoeirado na garagem. Tudo isso pode não parecer o melhor na perspectiva de quem olha de fora, mas para mim é o melhor da vida, por ser real...e por ser meu, frutos de minhas conquistas.
A preguiça para algumas coisas continuam...e não acho ruim, acho que haverão coisas que terei preguiça sempre, é meu pecado capital confesso...e acho bom ter esta "preguiça" de valores que não aceito, acho bom questionar, acho bom enxergar, acho bom sair e reciclar, acho bom não me acomodar, acho bom escolher em que lado ficar, acho bom lutar, e se preciso mudar, e...ahhhhhh como acho bom viajar............e sempre que volto, mesmo cheia de preguiça, concluo o quanto é bom...ter para onde voltar!
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