quarta-feira, outubro 09, 2013

Nunca comi, sempre fui gorda...

Com os 35 anos batendo a minha porta, cada vez mais a neurose de eliminar os quilos extras me assombra e judia das minhas noites de sono. Todo mundo avisou, mas você sempre acha que não vai chegar seu dia, ou que seu metabolismo não vai ser desses que liga de uma vez o "slow motion", mas a verdade é que depois dos 30 é muito mais difícil ter resultado fechando a boca...e agora já estão me falando que é depois dos 40...mas calma, não sofrerei por antecipação.

Enfim, a verdade é que comecei falando da idade, mas desde que me conheço por gente eu faço regime (nem era chamado de dieta ainda...rs). Dieta da lua, da USP, da sopa, do tipo sanguíneo, do abacaxi, dois filhos de Francisco (dorme que a fome passa...), Vigilantes do Peso, Herbalife, Sibutramina, Atkins, South Beach, ortomolecular, nutricionista, endocrinologista, xenecal, spa, personal, fiz de tudo que apareceu. Como sou filha temporona, minha mãe conta que não tinha muita paciência mais, e fui praticamente criada na mamadeira com nescau, e na papinha da Nestlé. Ou seja, olho minhas fotos e morro de vontade de me apertar...eu era a coisa mais fofa. Só que essa fofura só tem efeito positivo até os 2 anos de idade, né? Pois é...e aí que começou a neurose. Em casa dificilmente tinha bolacha, bala, chocolate, chips...essas coisas que crianças adoram. Em festa de aniversário, ficava me contendo para não atacar a mesa toda de doces. Açúcar? Não sei usar até hoje, adoçante faz parte do meu DNA...com ou sem aspartame, ele sempre esteve lá.

Daí o título "nunca comi, sempre fui gorda", porque desde sempre me policio e restrinjo minha alimentação...mas sempre fui gordinha. Tá certo que tem épocas da minha vida que olho fotos e não acho que eu era tão gorda quanto eu me achava, quanto me cobrava...na adolescência tudo fica enorme, né? Principalmente nossa imagem perante a sociedade. Depois de adulta a gente se descobre, aprende a usar determinadas imperfeições do nosso corpo a nosso favor, mas naquela época você só encontra defeitos sem solução. Foi numa dessas que parei de tomar refrigerante, aos 14 anos. Louca por coca-cola e guaraná, fiz promessa de parar 1 semana, aguentei 1 mês, 1 ano...aí fui pra Disney e tomei (porque lá, há 20 anos, era bem mais fácil que encontrar água!), e senti um gosto horrível, quase vomitei. E daí, pra nunca mais...é realmente hábito, gente.

Falamos de porcarias até agora, mas e as refeições? De novo, voltamos à infância. Pós papinha Nestlé, o que eu comia? "Arroz amarelinho". E só. Arroz com gema de ovo era só o que eu queria. Almoço e jantar. Até descobrir o miojo com manteiga. E depois o "bife com capota" (a milanesa). E o hot dog pão com salsicha. E depois o strogonoff, já na pré-adolescência. Essa era a minha vida. Salada? Nem 1 miligrama. Fazia cara feia, não tolerava de jeito nenhum. Sofria horrores para ir na casa das amiguinhas, acho que por isso eu sempre as trazia pra minha casa. Quando penso nessa trajetória, me julgo um organismo de sorte, meus exames de sangue sempre apresentam resultados exemplares, e graças a Deus nunca tive nada. Vai entender...

Com 16 anos entro na faculdade e vou morar em Ribeirão com uma amiga. Acabou Nice fazendo comida todo dia, e a Fernanda começa a cair na realidade. Minha prima fala até hoje que lembra do espanto que teve ao me visitar e me ver pedindo no restaurante um prato com arroz, feijão, lombo, farofa e salada. Tive que aprender a comer de tudo. E claro, com a boquinha boa que tenho, aprendi a gostar de tudo mesmo...principalmente do que engorda. Tinha uma confeitaria do lado de casa, fiquei viciada nos salgados, passei a dar um valor imensurável no arroz e feijão caseiro, a degustar todos os tipos de massas e molhos, a apreciar todas as partes do boi em um belo churrasco, e principalmente a desfrutar das facilidades de um congelado da Sadia para quem não sabia esquentar uma água no fogão. Ah sim, e passei a comer salada uma vez ou outra. Não que eu gostaaaaaasse, mas comia. Também aprendi a tomar cerveja...e chopp, e whisky, e vinho, e sakê, e cachaça...bom, também sou filha de Deus, né? rs Ah, das coisas engraçadas da vida? Peguei birra de ovo, aquele do arroz amarelinho...só fizemos as pazes há uns 3 anos...rs

Todo esse tempo eu intercalava com as dietas mencionadas acima, até que fui morar nos EUA com 24 anos. Eu ouvia as histórias "Fulana fez intercâmbio e voltou redonda, Sicrano engordou 20 kg, Beltrano ta com 3 papos". Eu tinha certeza que entraria para estas estatísticas, mas surpreendentemente foi o contrário. Permaneci o ano todo em forma, como nunca. E sem fazer dieta alguma! Comia muito fora, mas também passei a comprar salada pronta, além dos congelados. E aquelas tranqueiradas americanas que engordam, não me apeteciam. E foi aí que descobri que a comida Brasileira, principalmente o arroz e feijão, é que me faz perder a cabeça e o controle do peso.

De lá pra cá, quando voltei para o Brasil, intercalei mais algumas dietas nestes 10 anos...principalmente porque as responsabilidades aumentam, e consequentemente o stress, e a boquinha nervosa. Ahhhhh eu não como os meus problemas, eu os devooooro. Desconto mesmo na comida, e nas minhas pobres unhas roídas. Já me falaram que tenho alguma fixação oral, mas não quis entrar em detalhes...rs

E assim vem sendo, até que, em meados de agosto, resolvi fazer a tão falada dieta Dukan. A primeira vez que ouvi falar nisso foi no casamento do príncipe William, ao ver a noiva e sua irmã extremamente esbeltas em seus vestidos brancos que marcariam até pelo encravado. Virou moda e todo mundo começou a falar disso em todo lugar. Eu sabia que era muito parecida com a Atkins, mas tinha fases e alguns itens tolerados, blablabla. Resisti bravamente por um tempo, e aí resolvi aderir. Fiz o cadastro no site oficial para ter o diagnóstico, me recusei a pagar, optando por fazer sozinha e seguindo dicas da internet. Mas eu confesso que se fosse seguir a risca, não conseguiria...então fiz várias adaptações por conta própria: não conto gotas de azeite, não alterno entre dias com e sem verdura e, o mais importante, incluí bebida alcoólica destilada.

Usando palavras da moda, nomeei a minha dieta de "Dukan Inspired". E deu resultado! Depois de 3 meses, eliminei 12 quilos e estou me sentindo ótima!

Neste meio tempo contagiei várias pessoas ao meu redor e nas redes sociais, e o mais chocante.......estou cozinhando as receitas da dieta e adorando! E foi por isso que resolvi escrever e contar essa experiência neste blog semi-abandonado. Quando posto foto das comidas que tenho feito, ou do resultado nítido que tenho obtido, muitas pessoas me pedem conselhos e me questionam o que podem comer, como estou seguindo, etc...e quem já aderiu, adora debater o assunto...não tenho embasamento médico algum, a única orientação que passo é que, independente da dieta, o importante é ter força de vontade e determinação, não escorregar mesmo...e se escorregar, não se culpar, e correr atrás de recuperar e não repetir o escorregão! Eu costumo dizer que, como não é uma dieta de contar calorias, não tem isso de "comer só um pouquinho" do que não pode...no jogo da Dukan, um pouquinho é "volte 3 casas". Sorry!

Enfim, só sei que ainda tenho algumas gordurinhas a eliminar (a maldita pochete!), e logo terei que retomar atividade física, e inserir itens aos poucos, balancear a alimentação, etc e tal...mas hoje estou bem contente e adaptada com essa dieta. Ainda tenho uma meta de usar um vestido lindo que minha mãe resgatou do baú esses dias...ele já fechou, mas quero que ele fique estonteante. Ela disse que vou ganhar presente se fechar...tomara que seja roupa, pois fiz promessa de não comprar peça alguma até o Natal, estou sofrendo horrores...mas em compensação estou cabendo em várias coisas legais que eu tinha abandonado no fundo do guarda-roupa. E essa sensação de "reciclagem" é tão boa quanto sair da loja cheia de sacolas...acreditem!

P.S.  Como muitos me perguntam, vou postar o passo-a-passo que fiz (e que ainda não acabou!):

1) Saber que é a hora de começar! É o mais importante...não adianta começar sem estar disposta a se privar de algumas coisas, tem que ter muita força de vontade, independente da dieta que for fazer...muitas vezes queremos, sofremos, outras pessoas dizem, mas não adianta...não nos inspiramos naquele momento, pode ser algum fator externo, mas na maioria das vezes é que precisamos nos acertar internamente...

2) Dar uma pesquisada se é a dieta certa pra você...quem não come carne e ovo fica bem difícil...e também faça seus exames regulares antes, para garantir que está tudo bem com seu organismo para iniciar uma dieta deste tipo...

3) Fazer o diagnóstico no site oficial: www.dietadukan.com.br e ver uma estimativa do seu peso ideal, e quanto tempo deverá passar em cada fase. Eles vão te oferecer um acompanhamento pago, eu não paguei, segui por conta própria...

4) Dá uma olhada no site www.dietadukanreceitas.com.br e veja o que pode, e o que não pode em cada fase, tem também diversas receitas e sugestões de cardápio por fase. Passe no supermercado e faça uma compra focada na dieta, e programe suas próximas refeições, seja em casa ou fora, já se prepare psicologicamente o que pretende comer...

5) COMEÇAR...e não importa o dia que for...nada de esperar a segunda-feira, ou o período da manhã, pode começar no meio da tarde de uma quinta, em um sábado a noite, determinação é isso!

6) A primeira fase, o Ataque, é a pior, depende do quanto quer eliminar, ela pode durar até 1 semana. Não é permitido verduras e legumes, então você come proteína o tempo todo. Você está "ensinando" seu corpo a queimar a reserva que ele tem...no começo pode sentir um pouco de fraqueza, mas passa, e depois você se sentirá melhor que antes...de verdade! Sem contar que a gente realmente murcha nesta primeira semana, é nítido...e isso só dá mais estímulo para continuar...não é mesmo?

7) A segunda fase, a Cruzeiro, é a mais longa...e é onde devemos usar e abusar da criatividade pra driblar a vontade de carboidrato e doce (no meu caso, na TPM), e fazer as receitas do site que mencionei acima...eu não saí desta fase ainda, pois tenho mais 3 kg pra eliminar...então daqui pra frente, não tenho ainda o que falar...mas depois prometo falar sobre as fases de Consolidação e Estabilização, ok?

Boa sorte !!! E não se esqueçam...FOCO...porque um mero pão de queijo pode te fazer voltar 3 casas, ou seja, lá se foram 2, 3 dias de dieta!!

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Era uma vez...

...um lugarzinho no meio do nada. Mentira, era no meio de tudo! De tudo o que há de mais bacana para um estudante. Ficava a duas quadras da estação Central Square. Estação que separa simplesmente MIT e Harvard. E eis que fui parar lá. Há exatamente 10 anos.

Aos 23 anos eu resolvi realizar o sonho de estudar fora, e me candidatei a uma vaga para um curso de extensão em comunicação. Procurei vários, mas quando encontrei esse, os outros sumiram da minha mente. Eu queria ele. Acho que deixei a mulher da secretaria louca de tantos e-mails e telefonemas, até que ela me respondeu que o conselho me aprovou, mas estavam com receio porque no curso não havia estrangeiros que morassem fora dos EUA, e que apesar de eu ter comprovado proficiência no exame, eu ainda teria dificuldade com a língua, afinal o curso era comunicação. Receio e dificuldade, palavras mágicas...hum, desafio? Tô dentro!

Não foi fácil. Toda vez que vou a Cumbica me lembro do momento que virei as costas para minha família e amigos que estavam lá se despedindo, e adentrei a fila da Receita Federal. Ao chegar ao portão de embarque eu desmontei, literalmente. Agachei encostada na pilastra e chorei igual criança. Não teve quem não olhou, e um segurança veio me perguntar se estava tudo bem. Não estava. Mas eu sabia que iria ficar. Foi uma escolha minha. Realizar sonhos, na maioria das vezes, requer enfrentar um caminho cheio de pesadelos. E ficar tão longe das pessoas que amo foi o maior deles.

Ao chegar em Boston eu tive um anjo chamado Gisele que me recebeu em sua casa até liberarem o apartamento que ela tinha alugado para mim. Ela e sua família tornaram tão mais fácil o primeiro impacto da adaptação a uma vida nova. Serei eternamente grata por chegar em um local estranho, a 5 graus negativos e muita neve, e encontrar um lar cheio de amor tupiniquim (e caipira como eu!).  

Depois de uma semana, lá estava meu apartamento me esperando. mas eu tinha que comprar móveis, utensílios, etc. E como carregar? Lá nada é simples, e ninguém te ajuda. Resultado: aluguei um caminhão. Feliz da vida com essa solução, o cara me dá a chave do mesmo e pede para devolver no final do dia. Sim, eu tinha que dirigi-lo! E lá fui eu me sentindo a Sula Miranda, parando em Wal Mart, Target, Home Depot e "decorando" a minha casa, carregando no caminhão, e descarregando no apartamento. A esta altura eu suava como se estivesse no verão da Bahia. E enfim, fui devolver o caminhão, e tive a grata surpresa de me deparar com a linda e simpática neve. Se dirigir um caminhão era novidade, imagina dirigi-lo na neve? E pelo visto eu não era a única com pouca experiência, porque de repente em um cruzamento, perdida, um sedan não consegue frear e bate com tudo na minha lateral. Coitado do cara, assustou mais com a garota Brasileira aos prantos descendo do caminhão, do que com a batida. Ainda bem que lá tudo funciona e no fim deu tudo certo. Lembro de ligar para meus pais depois de desencaixotar tudo no apartamento, feliz da vida, com aquele sentimento delicioso de "eu consegui".

E aí começam as aulas, e realmente só tinham gringos. Quer dizer, a gringa ali era eu. Enfim, vocês entenderam. E era uma delícia, fazíamos trabalho de campo, entrevistávamos pessoas na rua, criávamos texto e líamos em voz alta, todos comentavam, davam idéias. E acabava a aula, e ninguém queria saber mais nada da minha vida. Eu me tornava uma estranha. Uma estranha que voltava sozinha de metrô para sua casa sem abrir a boca. Engraçado que minha vontade de interagir era tanta que o cara no guichê do metrô falava o automático "Oi, td bem?" e eu respondia "Tudo e vc?". Ele assustou, afinal americanos não estão acostumados com isso, e no terceiro dia começou a me paquerar e me dar passagens de graça. Morri de medo e passei a comprar na máquina direto. Malditas Brasileiras piriguetes em busca de green card que ferram nossa imagem lá fora. Não podia nem sorrir para os caras que eles achavam que já queria algo mais. Fiquei traumatizada.

E aí, eu que sempre tive uma vida social agitada, me via passando noites e noites trancafiada, vendo a neve subir na minha janela (eu morava no térreo), e comunicando com o Brasil por MSN. Até que escolhi uma disciplina de negócios e a turma era enorme, aula no auditório, e em um momento resolveram dividir em turmas menores. Eu sento e coloco a placa do meu nome na minha frente, e olho a garota ao lado: Renata. Nos entreolhamos e nos identificamos. Brasileiras, claro. De novo, do interior. Mais ainda, frequentávamos o mesmo dentista (ainda não sei como esse assunto surgiu logo de cara!) e o pai dela havia construído um consultório em forma de castelinho na esquina da minha casa em Rio Preto, onde eu sempre ia brincar quando pequena. Foi amizade eterna a primeira vista. E uma nova vida social pra mim em Boston. A Renata morava lá há anos e conhecia tudo e todos, e fizemos uma turma sensacional, da qual saiu inclusive o casamento dela com o Colin, do qual tenho maior orgulho de ser madrinha no civil e no religioso. Eu poderia passar horas descrevendo as inúmeras palhaçadas que aprontamos, como churrasco Brasileiro na minúscula varanda nevando, as noites de quarta no Pravda e de sábado na Venu, onde a tradição era virar uma bebida azul chamada "Mongolian Motherfucker". Saudades dessa disposição!

Após dois meses por lá, já mais adaptada, comecei a me incomodar de ficar sem produzir. Eu precisava trabalhar. Mas em que? Eu sempre fui imprestável para qualquer tipo de trabalho manual, ou que exija coordenação motora. E emprego na minha área, para uma estrangeira com visto estudante, seria bem difícil. Mas comecei a me enfiar em palestras gratuitas e descobri que havia uma comunidade Brasileira gigante na área, e que eles atuavam em diversas áreas. Até que descobri um grupo de voluntários maravilhosos, que fazia ações de prevenção a HIV e suporte a famílias de usuários de drogas, e marquei de falar com a coordenadora. Eles estavam produzindo um filme, e logo eu já estava ajudando com a legenda e divulgação. Tinha encontro às quartas e eu me perguntava se estava ajudando mesmo, ou sendo ajudada, de tanto que me fazia bem frequentar aquele grupo, conversar com aquelas pessoas maravilhosas. Cada história de Brasileiro que largou tudo e foi arriscar a vida por lá, trabalhando em 3, 4 empregos, morrendo de saudade e de medo por não estar legalizado, mas ainda tinha tempo para se dedicar ao grupo e ajudar o próximo.

E aí que surgiu uma vaga para coordenadora da Câmara de Comércio Brasil-EUA na região. Era um startup, uma iniciativa do consulado com alguns empresários que atuavam por lá. Fui fazer entrevista e me escolheram. De repente eu estava trabalhando na minha área, sendo remunerada, e ainda por cima ajudando micro empresários Brasileiros que precisavam de suporte administrativo para se estruturarem na América. Foi um presente de Deus, só pode. Tive até a oportunidade de conhecer um cara que admiro muito, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Finalmente eu tinha estruturado a minha vida por lá, comprei meu carro e era independente novamente. Ah, como eu gosto disso...mesmo com todos os tropeços que a vida pode nos dar, como viajar um final de semana e encontrar na volta apenas a antena do carro aparecendo em meio a uma montanha de neve, e ter que comprar uma pá e "desenterrá-lo" sozinha, sem passar um tiozinho na rua se oferecendo para ajudar, ou ainda quebrar a descarga do seu único banheiro e você ter que desmontá-la, descobrir a peça que deve trocar, pedir em inglês para o cara na loja e instalar.

E tinha a parte maravilhosa, como o fato de New York estar a mesma distância de São Paulo-Rio Preto, além das inúmeras estações de ski e outlets nos arredores, e a própria Boston ser linda e rica histórica, cultural e gastronomicamente. Meus pais foram me visitar e ficaram encantados. Mas a dor de vê-los embarcar doeu e me fez chorar tudo de novo no estacionamento do aeroporto. A vida estava ótima, mas não estava completa. E nunca estaria por lá.

Enfim, resolvi escrever hoje, porque passada uma década, não consigo imaginar minha vida sem ter vivido essa experiência. O curso foi ótimo, Harvard é inexplicável, mas o aprendizado além acadêmico foi incomparável. Após um ano vivendo lá, tive a oportunidade de ficar, mas preferi voltar. Não me arrependo. O ano de 2003 foi o mais importante da minha vida, e saí de Boston no auge, eternizando assim esse momento ímpar. No meu último mês lá, meus sobrinhos mais velhos ficaram comigo, estudando inglês. Nunca esqueço que ao fechar a porta do meu apartamento, chorando (de novo!), eles me abraçaram e me parabenizaram. Viram que não era fácil. Mas faria tudo de novo, sem alterar uma vírgula. Nunca mais voltei, sei que não será a mesma coisa. Mas acho que não passo um dia sequer sem citar ou lembrar de algo que vivi e aprendi por lá...