Cuidado! Cadela Brava...ou seria Chorona?

Ela se recusava a acreditar que era verdade! Não podia ser...uma criatura tão dócil ter se transformado em um monstro do dia para a noite! Onde está aquela coisinha fofa que ontem se acolhia no colo de seus entes queridos, feliz da vida, saltitante de um lado para o outro, sorrindo para as flores, para o sol, para o amor. Hoje ela queria sangue, e distribuía mordidas e patadas para qualquer um que lhe lançasse um mísero olhar que fosse, se lhe direcionasse a palavra então, a vontade era metralhar, o que fazia através de respostas mal educadas. Se por acaso cruzasse com um espelho ou vidro que refletisse sua imagem, sobrava até para ela mesma, a vontade era cabecear seu reflexo, ela não suportava nem a si própria.

Com o passar do tempo ela aprendeu que o melhor a se fazer nestes momentos era realmente avisar ao mundo com a placa: "Cuidado! Cadela Brava!" e deixar as consequências apenas àqueles aventureiros que duvidassem da veracidade desta mensagem, e ousassem cruzar a fronteira estabelecida.

E de repente, não mais que de repente, do nervosismo fez-se o pranto...como num piscar de olhos ela tira a ferradura e besunta os olhos com cebola, e qualquer coisa é motivo de sensibilidade extrema seguida de olhos marejados, e lágrimas despencando em suas bochechas. E não é que ela chore em comerciais de margarina ou traillers românticos, nestes dias qualquer disputa de luta livre e sessões da TV Senado (ok, esta última as vezes dá vontade de chorar mesmo) se tornam motivos para desabar. Ela passa o tempo todo com aquela angústia, aquela lamúria sufocada, aquela bomba de lágrimas pronta a ser detonada a qualquer momento.

E desta fase sensível não há como fugir, mesmo que ela se isole, não converse com ninguém, não leia nada, não assista programa algum...sempre há a cabeça pensante que não pára...com memórias, devaneios e constatações atuais, passadas ou futuras, que indubitavelmente a farão chorar. E ela chora por alguém perdido ou que esteja ao seu lado, por uma nota baixa ou alta, por uma viagem inesquecível ou nunca realizada, por uma oportunidade perdida ou incrivelmente aproveitada, por um amor ou por um ódio, por uma possibilidade remota ou nem tanto, por um erro e até mesmo por um acerto...tudo se torna exageradamente emocionante no filme da sua vida, aquele mesmo que até ontem tinha como protagonistas Bruce Lee e Steven Seagal, hoje nem Meg Ryan ou Julia Roberts suportariam tanta melação.

E, mais uma vez, como em um toque de mágica ela volta a sua forma natural...nervosa e sensível a sua medida, e surge como se nada tivesse acontecido...até repetir tudo daqui 4 semanas. Sim, mulheres sofrem, e devoram doces para suprir algo não suprível...mas não sofrem sozinhas, todos a sua volta são "obrigados" a compartilhar desta fase...e em tempos de redes sociais e relacionamentos cada vez mais disseminados em mídias diversas, pode ter certeza que todos os dias a famosa tabelinha apontará um de seus contatos femininos passando por esse período...portanto esteja preparado para levar uma bordoada de graça ao dizer um singelo "bom dia", ou então para fazer alguém chorar a qualquer minuto com aquela piada de loira...respire e releve...nós mulheres, por mais que tentemos, não conseguimos ser constantes, e é difícil até para nós mesmas...mas também faz parte do nosso charme...afinal qual seria o encanto do mar sem ondas, do vulcão sem erupção, da paisagem sem montanhas...e a de uma vida sem alterações (mesmo que seja de humor) ??

Beijos a todos de quem volta a respirar aliviada, pois graças a Deus a TPM deste mês está no fim...